A capital de Camarões, Yaoundé, tornou-se palco de manifestações desde o último dia 22. As passeatas, convocadas semanalmente a partir desta terça (6) pedem a renúncia do presidente Paul Biya, 87, no poder há 38 anos.
A multidão foi contida com jatos de água e gás lacrimogêneo, enquanto ao menos oito jornalistas eram presos. A ordem do Executivo agora é orientar os estados a banir reuniões públicas para evitar novas manifestações.
A remoção de Biya, cujo mais recente mandato termina em 2025, tornou-se pauta com o apoio do antigo aliado e hoje crítico feroz Maurice Kamto. O líder é responsável pelo partido Movimento de Renascimento de Camarões, criado em 2012.
Em prisão domiciliar, Kanto foi um dos principais articuladores dos protestos. A meta é continuar até “que o regime ceda às nossas exigências”, afirmou o vice-secretário de Comunicação do opositor, Fah Elvis Tayong, ao site Quartz Africa.
O ministro da Comunicação camaronês, Rene Emmanuel Sadi, afirmou que o governo não tolerará “insurreição”. Se preciso, Biya usará “ação salutar para defender todas as tentativas, internas e externas, de desestabilização”, de acordo com Sadi.
O país enfrenta desafios diversos, de crise humanitária a ataques do grupo extremista islâmico Boko Haram, que age no norte do país. Além das manifestações, o presidente terá de lidar com a desaceleração econômica por conta da crise do novo coronavírus.
Camarões também tem um problema grave de secessão na fronteira leste, com a declaração unilateral de independência da região da Ambazônia em 2017. A região, na fronteira com a Nigéria, compartilha com o vizinho a língua inglesa e pleiteia separação de Camarões, de maioria francófona.
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