O Ministério das Relações Exteriores da Índia anunciou nesta sexta-feira (9) a retirada de suas tropas de uma área disputada com a China na fronteira entre os dois países no Himalaia, a chamada Linha de Controle Atual (LAC, na sigla em inglês), fronteira de fato entre as nações. Beijing fará o mesmo, com os soldados programados para deixar a área até 12 de setembro. As informações são da agência Reuters.
“Os dois lados concordaram em cessar os desdobramentos nesta área de maneira faseada, coordenada e verificada, resultando no retorno das tropas de ambos os lados às suas respectivas áreas”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Índia, Arindam Bagchi, em comunicado.
A China confirmou a retirada das suas tropas às vésperas de uma reunião no Uzbequistão na próxima semana, da qual o presidente chinês Xi Jinping e o primeiro-ministro indiano Narendra Modi devem participar.
Os vizinhos compartilham uma fronteira não delimitada oficialmente de 3,5 mil quilômetros através do Himalaia e mantêm um acordo de paz instável desde o fim da guerra sino-indiana, em novembro de 1962.
Segundo Nova Délhi, os soldados de ambos os lados já começaram a deixar a área de Gogra-Hot Springs, em Ladakh, no oeste do Himalaia, onde a tensão entre os dois países vinha crescendo desde maio. Todas as estruturas temporárias na área serão desmanteladas como parte do acordo, que veio após várias rodadas de negociação.
Por que isso importa?
O conflito fronteiriço entre os dois países começou com a guerra entre a China e a Índia em 1962. Então, no final dos anos 1980, o primeiro-ministro indiano à época, Rajiv Gandhi, buscou reestabelecer os laços com Beijing.
Dali em diante, a fronteira se manteve calma, com os dois países concordando em adotar diretrizes de administração da região. Em 1993, um acordo de paz foi assinado, e outras medidas de confiança foram firmadas em 1996 e 2006.
Entretanto, com os anos, as tensões ressurgiram após ações das autoridades indianas, como o apoio ao Tibete, os crescentes laços de defesas com EUA, Japão e Austrália e restrições ao investimento chinês na Índia. No sentido oposto, as relações mais estreitas da China com o Paquistão, que tem disputas de longa data com a Índia, como a questão da Caxemira, e com o Nepal desagradaram Nova Délhi.
A relação atingiu seu pior momento em abril de 2020, quando soldados rivais se envolveram em combates em vários pontos da área montanhosa que divide os dois países. O problema começou com uma troca de acusações sobre desrespeito à Linha de Controle Real.
Então, em 15 de junho de 2020, a paz foi definitivamente quebrada e houve confronto entre soldados indianos e chineses em Ladakh. Na ocasião, 20 soldados indianos e quatro chineses morreram em combates corporais entre as tropas das duas nações. O confronto envolveu basicamente paus e pedras, sem nenhum tiro ter sido disparado.
Desde então, milhares de soldados estavam posicionados dos dois lados da fronteira, e obras com fins militares tornaram-se habituais na região. As nações reivindicam vastas áreas do território alheio no Himalaia, problema que vem desde a demarcação de áreas pelos governantes coloniais britânicos.
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