A Ucrânia recebeu com indignação a recusa do governo alemão em fornecer armamento para fortalecer as defesas de Kiev contra a agressão da Rússia. O pedido citava especificamente tanques Leopard e veículos de combate Marder, de acordo com informações da agência Reuters.
“Nenhum país entregou veículos de combate de infantaria construídos no Ocidente ou tanques de batalha principais até agora”, disse na segunda-feira (12) a ministra da Defesa da Alemanha, Christine Lambrecht. “Concordamos com nossos parceiros que a Alemanha não tomará tal ação unilateralmente”.
Segundo Lambert, o fornecimento de armas pela Alemanha à Ucrânia atingiu o limite, e a prioridade agora é “garantir a defesa do nosso país”, segundo o jornal britânico Telegraph. “Apoiamos a Ucrânia com tudo o que é possível e responsável. Mas temos que garantir a capacidade da Alemanha de se defender”, disse ela.
A dura resposta foi dada pelo ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, através de sua conta no Twitter.
“Sinais decepcionantes da Alemanha, enquanto a Ucrânia precisa de Leopards e Marders agora, para libertar as pessoas e salvá-las do genocídio. Nem um único argumento racional sobre por que essas armas não podem ser fornecidas, apenas medos e desculpas abstratos. De que Berlim tem medo que Kiev não tem?”, disse ele.
Disappointing signals from Germany while Ukraine needs Leopards and Marders now — to liberate people and save them from genocide. Not a single rational argument on why these weapons can not be supplied, only abstract fears and excuses. What is Berlin afraid of that Kyiv is not?
— Dmytro Kuleba (@DmytroKuleba) September 13, 2022
Por que isso importa?
A Rússia não mais consegue esconder o impacto que o armamento ocidental fornecido à Ucrânia tem na guerra. Aliados do presidente Vladimir Putin vinham manifestando preocupação com o aumento do poder de fogo de Kiev, agora capaz de atingir alvos russos bem atrás da linha de frente.
Uma das mais importantes adições ao arsenal ucraniano é o Sistema de Artilharia de Foguetes de Alta Mobilidade (HIMARS, na sigla em inglês), que os EUA repassaram a Kiev em junho. Capaz de atingir alvos a até 70 quilômetros de distância, o lançador de foguetes pode ser posicionado fora do alcance da artilharia russa, graças à mobilidade, e ainda assim causar danos aos quais à Rússia não estava habituada.
“Os sistemas de defesa aérea russos acabaram sendo ineficazes contra ataques maciços de mísseis HIMARS“, disse Igor Girkin, ex-comandante das forças separatistas no leste da Ucrânia, que se manifestou sobre a questão no aplicativo de mensagens Telegram. Segundo ele, graças à nova arma, as tropas russas sofreram “grandes perdas de homens e equipamentos” nas últimas semanas.
O arsenal ocidental foi fundamental para permitir que as tropas ucranianas realizassem uma ofensiva que levou à retomada de praticamente toda a região de Kharkiv, no nordeste do país, antes sob o controle das tropas de Moscou.
Kiev alega que retomou mais de três mil quilômetros quadrados de território, que representariam mais do que as tropas russas haviam conquistado desde o início da guerra, de acordo com a rede CNN. Trata-se de uma posição crucial para o objetivo russo de controlar totalmente a região de Donbass e configura a maior derrota desde que as tropas de Putin foram expulsas de Kiev, ainda no início da guerra.
E a situação tende a ficar mais tensa para a Rússia, vez que Washington prometeu no início de setembro que enviaria novos pacotes de armamento a Kiev, quase US$ 3 bilhões a mais de financiamento bélico. Somente o governo norte-americano já direcionou algo na casa dos US$ 15 bilhões em ajuda militar aos ucranianos desde o início da guerra, no dia 24 de fevereiro.
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