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terça-feira, 8 de dezembro de 2020

Na Somália, líderes temem violência após retirada de tropas dos EUA

Líderes da Somália, na África Oriental, temem uma onda de violência após a retirada das tropas dos EUA do país. O anúncio da saída, na sexta-feira (4), é inadequado, disseram políticos locais ao jornal “The New York Times”.

Segundo os somalis, a saída pode representar uma “vitória” a extremistas em um momento delicado. Com a aproximação das eleições presidenciais, em 24 de janeiro, e conflitos na vizinha Etiópia, o clima não é propício para deixar o país.

“A luta contra o terrorismo global ainda está em andamento”, disse o senador somali, Ayub Ismail Yusuf. “A decisão dos EUA é inoportuna”. “Se acontecer, os líderes da Al-Shabaab podem atacar sem medo”, afirmou um estudante da Universidade de Mogadíscio.

Na Somália, líderes temem violência após retirada de tropas dos EUA
Parte das tropas norte-americanas em Mogadíscio, Somália, em outubro de 2019 (Foto: U.S. Army/Paige Behringer)

No anúncio, o Pentágono disse que vai “reposicionar” alguns dos 700 soldados na Somália para outras partes da África Oriental, como Quênia e Djibouti. Ataques contra terroristas continuarão em território somali.

A iniciativa parte do presidente Donald Trump, que disse querer acabar com as “guerras intermináveis dos EUA” antes de deixar o cargo, em 20 de janeiro. A data para a saída das tropas ainda não foi divulgada.

Al-Shabab na Somália

No Facebook, o presidente da Somália, Mohamed Abdullahi Farmaajo, não citou diretamente o anúncio de Trump, mas apontou que o exército do país está “bem treinado” para liderar a segurança do povo somali.

O apoio dos EUA, porém, não foi suficiente para conter o avanço do grupo terrorista fundamentalista islâmico Al-Shabaab, ativo há pelo menos 16 anos na Somália.

Os extremistas controlam áreas ao sul do país, onde é comum que soldados de paz da União Africana morram em emboscadas e bombardeios. Dados apontam que o Al-Shabaab esteve em 440 episódios violentos no país entre julho e setembro – o maior número desde 2018.

Sem as tropas norte-americanas, restam o Catar e a Turquia como aliados estrangeiros. A nação do Oriente Médio oferece dinheiro e ajuda humanitária, enquanto a Turquia treina cerca de 10 mil soldados.

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