Líderes da Somália, na África Oriental, temem uma onda de violência após a retirada das tropas dos EUA do país. O anúncio da saída, na sexta-feira (4), é inadequado, disseram políticos locais ao jornal “The New York Times”.
Segundo os somalis, a saída pode representar uma “vitória” a extremistas em um momento delicado. Com a aproximação das eleições presidenciais, em 24 de janeiro, e conflitos na vizinha Etiópia, o clima não é propício para deixar o país.
“A luta contra o terrorismo global ainda está em andamento”, disse o senador somali, Ayub Ismail Yusuf. “A decisão dos EUA é inoportuna”. “Se acontecer, os líderes da Al-Shabaab podem atacar sem medo”, afirmou um estudante da Universidade de Mogadíscio.
No anúncio, o Pentágono disse que vai “reposicionar” alguns dos 700 soldados na Somália para outras partes da África Oriental, como Quênia e Djibouti. Ataques contra terroristas continuarão em território somali.
A iniciativa parte do presidente Donald Trump, que disse querer acabar com as “guerras intermináveis dos EUA” antes de deixar o cargo, em 20 de janeiro. A data para a saída das tropas ainda não foi divulgada.
Al-Shabab na Somália
No Facebook, o presidente da Somália, Mohamed Abdullahi Farmaajo, não citou diretamente o anúncio de Trump, mas apontou que o exército do país está “bem treinado” para liderar a segurança do povo somali.
O apoio dos EUA, porém, não foi suficiente para conter o avanço do grupo terrorista fundamentalista islâmico Al-Shabaab, ativo há pelo menos 16 anos na Somália.
Os extremistas controlam áreas ao sul do país, onde é comum que soldados de paz da União Africana morram em emboscadas e bombardeios. Dados apontam que o Al-Shabaab esteve em 440 episódios violentos no país entre julho e setembro – o maior número desde 2018.
Sem as tropas norte-americanas, restam o Catar e a Turquia como aliados estrangeiros. A nação do Oriente Médio oferece dinheiro e ajuda humanitária, enquanto a Turquia treina cerca de 10 mil soldados.
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