Apesar das diferenças culturais, Belarus e Venezuela tendem a ter em comum um 2021 “decisivo”. A estimativa é do pesquisador e integrante do Conselho Europeu de Relações Exteriores, Pawel Zerka.
Segundo ele, mudanças podem ocorrer com o fortalecimento das oposições dos dois países. Com pragmatismo e desconfiança a aliados estrangeiros, os dissidentes devem se unir, pensar a longo prazo – e esquecer as diferenças.
A previsão responde ao enfraquecimento da oposição nos dois países. Enquanto a Belarus já completa mais de 120 dias de protestos após a sexta reeleição de Aleksander Lukashenko, em agosto, a Venezuela continua à sombra de Nicolás Maduro.
Em comum, Caracas e Minsk respondem a dissidência com agressividade. Prisões arbitrárias, execuções extrajudiciais e perseguição política são combustível à repressão e esvaziamento das ruas.
Decisões mais pragmáticas
Zerka defende decisões mais pragmáticas, como a “abertura” para conversar com o regime e aceitar compromissos políticos. “A oposição venezuelana erra ao se dividir sobre a questão de conversar com Maduro”, apontou.
“Os bielorrussos estão se saindo melhor, até agora, em falar em uníssono e aceitar a liderança de Svetlana Tsikhanouskaya. Mas eles estão apenas começando”. Assim, o fortalecimento de vínculos tem valor essencial no combate ao autoritarismo.
Um erro recente da oposição venezuelava ocorreu nas eleições parlamentares do dia 6. Sem candidatos opositores e participação eleitoral de apenas 31%, a coalizão aliada a Maduro terá, de novo, a maioria dos 227 assentos da Assembleia Nacional a partir do dia 5 de janeiro.
“A oposição bielorrussa manteve-se fortemente unida até agora. Mas com várias personalidades influentes em suas fileiras e alguns líderes de destaque ainda na prisão, Lukashenko tem amplo espaço para tentar dividir seus oponentes. Existe força na unidade”, pontuou Zerka.
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