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quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

Falta de água potável já impõe risco a 250 mil crianças deslocadas em Moçambique

A falta de água potável, saneamento e itens de higiene básica já empurram cerca de 250 mil crianças deslocadas ao risco de doenças mortais na província de Cabo Delgado, ao norte de Moçambique.

A Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) lançou o alerta nesta terça (22). Além da escalada de violência de grupos extremistas, a região ainda enfrenta os rastros deixados por um ciclone devastador e secas dos últimos dois anos.

Grande parte da população local, que já era refém da fome e insegurança alimentar, agora vê o problema se aprofundar. Estima-se que duas em cada cinco crianças sofrem de desnutrição crônica.

Com condições insalubres, doenças como diarreia – facilmente evitadas e tratadas – se tornam ameaças fatais às crianças deslocadas de Moçambique.

Falta de água potável já impõe risco a 250 mil crianças deslocadas em Moçambique
Deslocados de Cabo Delgado separam artefatos para armazenar água, em Moçambique, dezembro de 2020 (Foto: Unicef/Mauricio Bisol)

“À medida que as condições na província se deterioram, os sistemas de água, saneamento e saúde estão sob pressão crescente”, disse a chefe da Unicef, Henrietta Fore.

Sem ter para onde ir, muitos dos refugiados da província caminham em direção às comunidades anfitriãs da região – em boa parte, superlotadas. Nestes locais, o maior risco é que os deslocados contraiam doenças como cólera – transmitida pela água – e Covid-19.

Com um alto número de pessoas aglomeradas, os locais são pequenos, úmidos e com pouco ou nenhum distanciamento social.

Violência cresce em Cabo Delgado

Além das doenças, muitas crianças estão traumatizadas pela brutalidade dos grupos extremistas contra suas famílias e comunidades.

Autoridades estimam que mais de 2,3 mil cidadãos de Cabo Delgado morreram em meio a violência do EI desde 2017. A violência já forçou o deslocamento de 500 mil pessoas.

Os ataques começaram em 2017 e se intensificaram neste ano, quando o grupo paramilitar Ahulu Sunnah Wa-Jama jurou fidelidade ao Estado Islâmico.

A Unicef tenta recolher recursos para expandir o atendimento à população local. A demanda estimada é de US$ 52,8 milhões às necessidades humanitárias em Moçambique – US$ 30 milhões só em Cabo Delgado.

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