Mais de três mil deslocados de Mali voltaram ao campo de refugiados de Goudoubo, ao nordeste de Burkina Faso, nove meses após ataques, disse a Acnur (Agência das Nações Unidas para Refugiados) nesta segunda (21).
O retorno só foi possível depois que o governo burquinês reforçou a segurança dentro e fora do local. Os refugiados de Goudoubo deixaram o campo após ataques e ameaças de extremistas em março.
A área abrigava nove mil deslocados malineses desde 2012. Uma parte fugiu para a cidade vizinha de Dori, que já sofria com vulnerabilidades em abrigos, água potável e serviços de saúde. Cerca de 5 mil optaram por voltar ao Mali.
No retorno, a Acnur e Conaref (Comissão Nacional para Refugiados) construíram novos 1,5 mil abrigos, reabasteceram a clínica de saúde e escolas. A volta dos refugiados também deve movimentar a agricultura local.
O Mali enfrenta, além de grave crise política, o avanço de grupos jihadistas no interior do país desde 2012. Já Burkina Faso vive a crise humanitária que mais cresce no mundo, segundo a ONU.
O país já hospeda cerca de 20 mil refugiados do Mali. Estima-se que um milhão de pessoas em toda a região do Sahel, de dois milhões de habitantes, se deslocaram devido à violência. O número representa uma em cada 20 na região.
A agência prevê que o avanço de grupos armados aumente este número. Com a pandemia, a ajuda humanitária está mais fragmentada e o acesso à população se tornou mais penoso, disse a Acnur.
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