Este conteúdo foi publicado originalmente no Jornal da USP
No início da pandemia se previa uma “catástrofe” no Vietnã. O país, além de não ser exatamente rico, faz fronteira com a China, tem 97 milhões de habitantes e entre sua população existe a tradição de se aglomerar em calçadas para conversar, comer, jogar cartas ou cortar o cabelo.
Porém, até o momento, houve no Vietnã apenas 35 mortes pela Covid-19 e 1.454 casos.
“O segredo é despolitizar a pandemia e tratar o caso como uma guerra sanitária. A ordem [das autoridades vietnamitas] foi isolamento, isolamento e isolamento e, na dúvida, testar, testar e testar”, comenta a professora Marília Fiorillo, da Escola de Comunicações de Artes da USP (Universidade de São Paulo) sobre como o país vem superando a crise.
Ela conta que, desde o início da pandemia, as autoridades do país já rastreavam as rotas de transmissão do vírus. Os infectados eram hospitalizados e pessoas ligadas a eles eram colocadas em lockdown.
“Ao tratar a crise como o que ela é, uma crise sanitária, não um pretexto para politicagens, não se precisou maquiar os dados, o uso de máscara viralizou”, explica a especialista.
A rapidez da prevenção foi central. Quando os primeiros casos surgiram no país, as autoridades tomaram diversas precauções. Tanto que o Vietnã declarou estado de emergência um mês antes da OMS (Organização Mundial da Saúde)”, aponta a especialista.
O diretor de um centro de mídia de Hanói, capital do país, concedeu uma interessante entrevista há cerca de um mês. Ele contou que recebeu um telefonema que avisava que o pai do “paciente número 17” havia jantado com outras pessoas na noite anterior.
Apesar de o homem ter testado negativo para a covid duas vezes, as pessoas que com ele jantaram foram colocadas em lockdown e o local do encontro foi desinfectado.
“Se nos mantivermos vivos, a riqueza e a economia podem se recuperar”, diz uma propaganda do governo contra a pandemia. O pequeno Vietnã já derrotou em sua história dois grandes inimigos, a China e os EUA.
O primeiro, cuja invasão marítima contiveram fincando no mar estacas que arrebentavam os cascos dos navios; e os norte-americanos, construindo túneis subterrâneos a poucos quilômetros da base americana em Saigon.
“Vamos ver se eles conseguem derrotar esse terrível terceiro inimigo”, completa Marília.
Marília Fiorillo é professora de filosofia política e retórica da Escola de Comunicações e Artes da USP. Jornalista, passou por Veja, Folha de S.Paulo e IstoÉ.
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