Os registros de assassinatos e represálias a jornalistas dobraram em 2020, aponta o último relatório do CPJ (Comitê para a Proteção de Jornalistas), lançado nesta terça (22). Foram 30 profissionais mortos desde janeiro.
A soma supera o número de jornalistas mortos em fogo cruzado. Ao todo, foram três repórteres mortos após exposição a situação de risco – a primeira queda em 20 anos. Todos os casos ocorreram na guerra civil da Síria.
O domínio da atenção midiática à Covid-19 e as restrições a viagens colaboraram para a redução. Ao mesmo tempo, porém, não impediram que governos aumentassem as perseguições aos jornalistas.
O levantamento apontou que 21 jornalistas foram acusados de assassinato em represália aos seus trabalhos em 2020. No ano passado, dez casos semelhantes foram registrados em todo o mundo.
“É assustador”, disse o diretor executivo do CPJ, Joel Simon, à Radio Free Europe. “Essa escala representa o fracasso da comunidade internacional em enfrentar a impunidade”. No dia 1, a organização registrou a prisão de 274 jornalistas.
Em 2019, o número de detidos era de 250. A maior concentração está na China, que mantém 47 profissionais sob custódia. “O aumento dos assassinatos e prisões de jornalistas é uma demonstração clara dos ataques à liberdade de imprensa”, destacou Simon.
Países com riscos a jornalistas
O relatório aponta que quatro jornalistas foram mortos em decorrência de suas atuações na Síria e Afeganistão. Um quinto assassinato ainda está sendo investigado na capital afegã, Cabul.
O Irã também presenta riscos a jornalistas. No dia 12, o repórter Ruhollah Zam foi morto após lançar uma reportagem sobre protestos antigovernamentais de 2017. O CPJ classificou o caso como “assassinato patrocinado pelo Estado”.
Já o México – considerado o país mais mortal para jornalistas – soma cinco assassinatos desde o começo do ano. A organização investiga outras quatro mortes violentas de profissionais da imprensa. A análise tem base em dados até 15 de dezembro.
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