O último apelo do enviado especial da ONU (Organização das Nações Unidas) no Oriente Médio, Nickolay Mladenov, antes de se dedicar às tratativas de paz na Líbia, foi pelo esforço à paz entre israelenses e palestinos.
De acordo com Mladenov, o primeiro passo para encerrar a disputa histórica é a cessão total dos avanços de assentamentos israelenses sobre áreas disputadas com a Autoridade Palestina, como partes da Cisjordânia e Jerusalém Oriental.
“Esses assentamentos entrincheiram a ocupação de Israel e minam a perspectiva de solução de dois Estados”, disse Mladenov ao Conselho de Segurança da ONU nesta segunda (21).
“Israelenses e palestinos, judeus e árabes, convivem com o conflito há muito tempo. Perda e deslocamento fazem parte da história pessoal de cada família por gerações”, disse.
Segundo Mladenov, palestinos são expulsos de suas casas e forçados a buscar refúgio na região. Enquanto isso, judeus foram expulsos [do Oriente Médio], o que acarretou na migração a Israel.
“Não é um conflito por terra ou história, mas pelo direito de duas nações existirem”. Mladenov deve substituir Ghassan Salame nas negociações de paz da Líbia depois que o diplomata deixou o cargo em março, devido ao estresse.
O diplomata norueguês Tor Wennesland, atual mediador do conflito entre Israel e Palestina, sucederá Mladenov nas discussões de Israel e Palestina.
Os impactos econômicos do conflito
Os conflitos e consequentes deslocamentos forçados impulsionam uma lacuna econômica na região. A questão começa na falta de financiamento às agências humanitárias.
Só a UNRWA (Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina) demanda US$ 88 milhões para atender à população. Uma fatia de US$ 22 milhões é destinada à educação, saúde e assistência social de mais de 30 mil refugiados palestinos.
A agência não é apenas um auxílio, disse Mladenov, mas uma das bases para a estabilidade social em meio a desigualdades profundas. Um exemplo envolve as vacinas à Covid-19.
Enquanto Israel já garantiu a imunização de quase toda a população, com cerca de 10 milhões de doses, a Autoridade Palestina luta para imunizar 20% da população de 5 milhões de habitantes via Covax – iniciativa multilateral da OMS (Organização Mundial da Saúde).
A região vive um surto de mais de 85 mil casos e 800 mortes na Cisjordânia. Na Faixa de Gaza, onde vivem dois milhões de palestinos, a situação é mais preocupante. Sob bloqueio israelense e egípcio desde que o Hamas tomou o poder, em 2007, há mais de 30 mil casos.
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