O governo de Bangladesh iniciou nesta segunda (28) uma nova transferência de refugiados rohingyas para a remota ilha de Bhashan Char, a despeito das queixas e apelos de grupos internacionais de direitos humanos.
A ilha, a 60 quilômetros da costa bengali, é conhecida pelas fortes enchentes nos períodos de monções. Cerca de 1,6 mil pessoas já estão no local, que recebera outros mil refugiados.
Ônibus com os refugiados têm saído da cidade de Cox’s Bazar, que recebeu mais de um milhão de pessoas que fugiam da violência contra os rohingya no vizinho Mianmar. Dali, todos são levados ao porto de Chittagong para as embarcações até a ilha.
A Anistia Internacional afirma que os refugiados estão sendo removidos do território continental de Bangladesh contra sua vontade. Não houve, segundo a organização, nenhuma conversa das autoridades antes da imposição da mudança.
“A realocação dos rohingya para uma ilha remota, onde não há acesso de grupos de defesa e jornalistas sem permissão gera uma preocupação grave sobre como o monitoramento dos direitos humanos”, aponta Saad Hammadi, representante da ONG para a Ásia.
A ilha artificial de Bhashan Char foi criada pelo exército bengali e deve abrigar cerca de 100 mil refugiados. O local é “um bonito resort” e “100 vezes melhor que os campos”, na avaliação do ministro das Relações Exteriores de Bangladesh, AK Abdul Momen, segundo a Al Jazeera.
A lei de nacionalidade de Mianmar, de 1982, não reconhece os rohingyas como cidadãos. Apátridas e perseguidos, a maioria foge para o vizinho Bangladesh ou para a Malásia, usando embarcações rudimentares.
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