A Assembleia-Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) escolheu 2021 como o ano internacional das frutas e vegetais. A meta é investir em conscientização para o aumento de alimentos in natura, de forma equilibrada, saudável e barata e reduzir o desperdício.
O anúncio ocorreu no último dia 15, com participação do diretor-geral da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), Qu Dongyu.
Os investimentos da agência serão concentrados no fomento a pequenos agricultores, sobretudo mulheres – os maiores produtores de frutas e vegetais – e na diminuição do desperdício, que impulsiona o aumento da fome nas regiões mais pobres do globo.
Serão criadas hortas urbanas no topo de prédios em grandes cidades e haverá promoção de programas de merenda escolar abastecidos com os produtos cultivados com auxílio do programa.
A ONU também quer incentivar o consumo de produtos locais, como frutas, verduras e sementes ancestrais e que caíram em desuso. Entre os exemplos há o grão de amaranto, o cardo, primo ibérico da alcachofra e os nopales, cactos mexicanos comestíveis. Outro item é a fruta-pão, que pode ser comida crua, cozida ou em farinha.
Pobres pagam mais
O incentivo ao consumo de alimentos locais pode ser parte da estratégia para diminuir a forte disparidade no custo da comida em relação aos salários entre trabalhadores de países ricos e pobres.
Um estudo do PMA (Programa Mundial de Alimentos) divulgado no último dia 17 constatou que um prato de arroz e feijão custaria 0,6% da renda média de um profissional em Nova York, nos EUA. O mesmo prato, se mantido o preço, tomaria 186% do salário de um sul-sudanês.
O Sudão do Sul foi um dos países mais afetados pela inflação dos alimentos desde o início da pandemia – problema que já acende alerta para analistas em todo o mundo, inclusive no Brasil.
O diretor global do PMA, David Beasley, lembrou que os pobres são os mais penalizados por altas nos preços da comida. A situação deve piorar no próximo ano, “pois a pandemia ameaça levar a nada menos do que uma catástrofe humanitária”.
Outras ameaças para a segurança alimentar no futuro próximo são os conflitos armados, as mudanças climáticas e crises econômicas na esteira do agravamento da pandemia.
Em Burkina Faso, país da região central da África, a fome triplicou neste ano e já atinge 3,4 milhões de pessoas – cerca de um em cada seis burquineses.
Além da violência de extremistas islâmicos no norte do país, há também o impacto das mudanças climáticas. As temperaturas são cada vez mais altas ali, com enchentes e secas extremas alternando-se ao longo do ano.
O PMA, que recebeu o Prêmio Nobel da Paz deste ano, estima que pode chegar a 270 milhões o número de pessoas que podem passar fome neste ano se as medidas para conter a crise atual não forem eficazes.
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