A África perde, todos os anos, cerca de US$ 89 bilhões – o equivalente a mais de R$ 461 bilhões – em fluxos financeiros ilícitos, aponta estimativa apresentada pela conselheira da África à ONU (Organização das Nações Unidas), Cristina Duarte.
“São fluxos que pura e simplesmente nos escapam”, disse. Segundo Cristina, os recursos saem da África sob forma de subfaturação e sobrefaturação comercial, evasão fiscal, corrupção e lavagem de dinheiro.
A recente instabilidade causada por atividades terroristas também passaram a resgatar uma grande quantia de recursos ilícitos do continente. A África vive um aumento da violência de grupos extremistas desde o início da pandemia, apontam relatórios.
Os casos mais notórios são em Moçambique, que teve a província de Cabo Delgado, ao norte do país, tomada por militantes do Estado Islâmico. Os extremistas têm âncora no grupo paramilitar local Ahulu Sunnah Wa-Jama.
Em outubro, o aumento de conflitos na África forçou a União Africana a adiar o termo de silenciamento de armas por mais 10 anos. A campanha promove o fim dos conflitos, prevenção ao genocídio e abusos aos direitos humanos.
A raiz dos conflitos
Conforme Duarte, a ONU auxilia uma reformulação das estratégias para a próxima década. Controlar fluxos financeiros ilegais figura o topo do lista. “É necessário entendermos as causas e raízes da instabilidade da África”, apontou.
“Enquanto as causas do problema não forem incluídas na equação, dificilmente iremos resolvê-lo”. As situações mais delicadas se concentram na região do Sahel, na República Democrática do Congo, e, além de Moçambique, na Etiópia.
“Temos muitas instituições fracas na África. Para fortalecê-las, é preciso conseguir recursos a essas instituições e possibilitar com que sejam fortes. As lideranças são essenciais neste sentido, para quebrar ciclos de corrupção e permitir o início de um novo caminho”, pontuou Duarte.
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