A “diplomacia preventiva” é essencial para impedir a escalada de violência na província de Cabo Delgado, ao norte do país. A avaliação é do enviado especial da ONU (Organização das Nações Unidas) a Moçambique, Mirko Manzoni.
Em entrevista à agência de notícias da ONU, Manzoni defendeu uma “solução sustentável” no combate ao terrorismo.
A “diplomacia preventiva” é uma proposta do secretário-geral da ONU, António Guterres. Segundo Manzoni, o objetivo é evitar erros já cometidos em outros países, como na região do Sahel, quando grupos terroristas invadiram a Nigéria, em 2002.
A província moçambicana de Cabo Delgado tenta combater os insurgentes ligados ao Estado Islâmico, que espalham violência sobre a região. Os ataques se intensificaram neste ano depois que o grupo paramilitar Ahulu Sunnah Wa-Jama jurou fidelidade ao EI.
“Anos atrás, o terrorismo estava na região do Sahel. Acho que a comunidade internacional, hoje, não vê a sitação com a devida urgência”.
O enviado deve permanecer no país africano até o final do ano, prazo estipulado para encerrar o processo de desmobilização das frentes armadas do Renamo (Resistência Nacional Moçambicana).
Via de mão dupla
O processo diplomático seria de cooperação mútua entre as necessidades de Moçambique e a ajuda externa ao país para conter a crise. “Não temos que apontar uma solução, mas entender do que o Moçambique precisa primeiro”, disse o enviado.
A ideia é não repelir o que já foi feito para conter o grupo, como as recentes alianças com a Tanzânia e EUA.
Os conflitos em Cabo Delgado já forçaram o deslocamento de mais de 500 mil pessoas. Há necessidade de acompanhamento médicos, soldados e alimentação urgente, disse Manzoni.
“Os insurgentes têm uma capacidade importante do ponto de vista de armas e tecnologia. É uma situação semelhante a que foi num país como o Mali”, afirmou. “Precisamos agir rápido, pois o problema já é regional”.
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