Um esquema fraudulento durante a construção de um gasoduto entre a Ásia Central e a China conferiu a Timur Kulibayev, diretor da Gazprom e genro do ex-presidente do Cazaquistão, um lucro milionário.
O escândalo foi exposto pelo jornal “Financial Times” nesta quinta (3). Jornalistas tiveram acesso a emails enviados entre 2008 e 2014 com descrições detalhadas dos desvios.
No Conselho de Administração da Gazprom, a maior empresa de energia da Rússia e principal exportadora de gás natural no mundo, Kulibayev recebeu parte dos lucros de contratos do gasoduto concedidos à ETK, do russo Alexander Karmanov.
No esquema, a ETK comprava tubos de fábricas na Ucrânia e Rússia após vender o aço para fazer os tubos às mesmas indústrias. Os produtos saíram com uma diferença considerável em relação ao preço pago pelo metal.
Em um dos contratos, a filial da ETK em Singapura teria concordado em comprar o aço produzido pelo grupo chinês Jiangsu Shagang por US$ 935 a tonelada. A venda para a fabricante russa de dutos TMK saiu por US$ 1,5 mil por tonelada.
Com um desembolso total de US$ 200 milhões, o lucro bruto da ETK foi de até US$ 75 milhões. Os emails apontam, porém, que pelo menos 70% do valor foi direcionado a Kulibayev.
Os oleodutos, já concluídos, se estendem por mais de três mil quilômetros da Ásia Central à China. A obra foi financiada pelo Cazaquistão com empréstimos do governo chinês.
Dados públicos apontam que as duas primeiras linhas custaram US$ 7,5 bilhões e a terceira US$ 3 bilhões. Os governos preveem a construção de uma quarta linha, ainda sem previsão de início.
Relações
Kulibayev já era um bilionário antes de casar com Dinara, filha do ex-presidente do Cazaquistão, Nursultan Nazarbaev. O político autoritário, apoiado pelo Kremlin, governou o país por 30 anos antes de renunciar ao mandato no ano passado.
Já Karmanov, diretor da ETK, é o antigo dono de um clube de strip-tease popular na Moscou pós-comunista da década de 1990. O empresário progrediu rapidamente às primeiras posições da lista dos maiores contratantes da Rússia , feita pela revista norte-americana “Forbes”.
Nem Karmanov e nem a ETK responderam a um pedido de comentário. Já os advogados de Kulibayev argumentaram que o empresário nunca teve relação com nenhuma das atividades e que o bilionário é alvo de uma “campanha de desinformação”.
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