O governo da Uganda, na África Oriental, está usando a tecnologia de reconhecimento facial para identificar e perseguir dissidentes após uma onda de protestos antigovernamentais, nos dias 18 e 19 de novembro.
Em reportagem veiculada pelo portal Quartz Africa, a autoridades usam o sistema de vigilância da gigante de tecnologia Huawei, instalado no ano passado.
Políticos da oposição e ativistas locais alertaram o abuso. Segundo fontes que pediram para não serem identificadas, o sistema também é capaz de verificar placas de veículos e monitorar redes sociais.
A polícia de Uganda confirmou que usou as câmeras para “rastrear” alguns dos mais de 830 suspeitos detidos após protestos no país. Não há qualquer supervisão judicial para a fiscalização.
As manifestações da Uganda, desencadeadas pela prisão de dois políticos da oposição nos dias 18 e 19 de novembro, terminaram com mais de 50 mortos e centenas de detidos. A população reivindica o fim do governo do presidente, Yoweri Museveni, há 34 anos no poder.
Investimento milionário
Marcado pela pobreza extrema, o país de 43 milhões de habitantes na África Oriental tem a Huawei como parceira desde a implantação e modernização da infraestrutura de telecomunicação.
Os negócios, no entanto, já se expandiram para a área de segurança. No ano passado, Museveni elogiou a eficácia da tecnologia e destacou a estrutura integrada.
Ao todo, o sistema nacional instalado pela Huawei soma 83 centros de visualização, 522 operadoras e pelo menos 50 comandantes. O objetivo, disse à época o presidente, é integrar o sistema com outras agências do país, como o órgão tributário e o departamento de imigração.
Hoje as câmeras estão instaladas em mais de 2,3 mil municípios rurais e grandes cidades do país. Kampala anunciou um investimento de US$ 126 milhões – o equivalente a R$ 662 milhões.
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