Os protestos que já reúnem cerca de 250 milhões de agricultores em toda a Índia desde junho não foram suficientes para reverter as reformas legislativas que flexibilizam direitos trabalhistas.
A reunião desta terça (1), que prometia dar um ponto final às manifestações, terminou sem nenhuma conclusão, informou o jornal indiano “Hindu Times”.
Os sindicatos de agricultores rejeitaram a proposta do governo em criar um pequeno comitê de especialistas para examinar as leis. Uma nova reunião está prevista para esta quinta-feira (3).
Os protestos se intensificaram desde a última quarta (25), quando milhares de agricultores montaram acampamento em duas das principais vias de acesso à capital Nova Délhi, nos estados de Punjab e Haryana.
“Queremos que o governo suspenda as três leis durante as negociações, mas nos disseram que isso não é possível”, disse um dos líderes do sindicato do Punjab, Darshan Pal. “Eles querem criar um comitê, mas isso nunca dará certo”.
Apesar dos apelos do governo do primeiro-ministro Narendra Modi pedir pela interrupção dos protestos, os agricultores estão dispostos a resistir “até o fim”, afirmou Pal.
Até agora, Nova Délhi já fracassou nas negociações com mais de 30 sindicatos do Punjab. A equipe de ministros também não mudou, mesmo em meio à crescente adesão aos protestos.
Reivindicações dos protestos
Além da revogação das leis de flexibilização trabalhista, os agricultores também exigem uma garantia legal para o MSP (Suporte de Preço Mínimo, em inglês). Com o regime, o governo indiano pode estabelecer os preços dos produtos agrícolas.
Os produtores argumentam que a lei é um “decreto de morte” para os agricultores, já que muitos dos produtos, como trigo, milho e arroz, já são vendidos abaixo do preço de mercado.
Outra reivindicação é a retirada das contas de eletricidade especiais implantadas em 2020 – fator que poderia acabar com os subsídios de energia gratuita aos produtores.
A greve ocorre em um momento de acentuada recessão econômica na Índia. Com o segundo maior registro de infecções por Covid-19, o PIB (Produto Interno Bruto) indiano caiu 23,9% no primeiro semestre e o desemprego já alcança 27% da população.
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