A PKN Orlen, estatal de petróleo da Polônia, anunciou na segunda-feira (7) a compra do grupo de mídia Polska Press. A aquisição envolve 20 jornais regionais, 120 revistas semanais e 500 portais online, apontou a Deutsche Welle.
A transação preocupa, já que o Estado polonês possui uma participação de 27,5% na petroleira. Com a compra, a Polônia tende a seguir os passos da aliada Hungria, que já promove uma acentuada captura dos meios de comunicação independentes.
Em profundo recuo democrático, o governo polonês já enfatizou que busca “repolonizar” as empresas de mídia de propriedade estrangeira. O Polska Press é de propriedade de acionistas alemães.
O partido no poder, PiS (Lei e Justiça, na sigla em polonês), de direita nacionalista, saudou a aquisição, que deve garantir à estatal o acesso a 17,4 milhões de usuários. “A mídia na Polônia deveria ser polonesa”, disse o líder Jaroslaw Kaczynski.
“É o fim da submissão a uma narrativa inadequada”, disse o legislador Jan Mosinski. “Agora será possível dar informações sobre a Polônia e explicar os rumos das atividades do governo“. A compra ainda precisa passar pelo órgão antitruste.
Modelo húngaro
O comissário polonês para os direitos humanos, Adam Bodnar, lamentou a compra. “As autoridades decidiram tomar medidas semelhantes às que pudemos observar anteriormente na Hungria sob Viktor Orbán“.
Em novembro, a Polônia seguiu o primeiro-ministro húngaro na rejeição às discussões sobre o Estado de direito da União Europeia e emperrou a votação para o orçamento dos próximos sete anos.
Especialistas já deixaram de definir a Hungria como uma democracia. Com Orbán, o país registra expulsão de universidades e anulação de licenças de veículos de comunicação.
Já a Polônia adota regras cada vez mais conservadoras, xenófobas e eurocéticas. O nacionalismo e intervencionismo econômico ganham força.
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