Com um crescimento recorde e alto nível de subsídios, a China se utiliza da frota pesqueira como instrumento de expansão estratégica, apontaram especialistas à revista “Foreign Policy”.
A característica teria tido início em 1947, quando o então presidente chinês, Chiang Kai-shek, reivindicou grandes extensões do Mar da China Meridional. Em seguida, o fundador da República Popular da China, Mao Tsé-tung, adotou a política.
“Para promover o programa, a China paga para que pescadores lancem redes em torno das Ilhas Paracel desde os anos 1970 e das Ilhas Spratlys desde os anos 1980”, disse Greg Poling, especialista do Centro de Estudos Internacionais de Washington.
Outros locais, como Brunei, Malásia, Filipinas, Taiwan e Vietnã, também reivindicam parcelas do território – fator que torna a China o único país com frota pesqueira estratégica.
“Os pescadores chineses são os únicos pagos para ir pescar em algum lugar”, disse Poling. “E se não pescam, eles apenas usam barcos para monitorar outras frotas, fornecer suprimentos ou derrubar outras embarcações”.
Em profissionalização progressiva desde 2010, esses esforços ganham força conforme Beijing cresce em termos comerciais e tecnológicos. Um exemplo são os avanços sobre o Mar da China Meridional.
Reportagens já apontaram plataformas de vigilância chinesas em pontos reivindicados pelo país em águas internacionais, o que alimenta divergências entre os países do sul asiático.
Frutos do mar
A alimentação dos chineses também é um fator que colabora para a expansão pesqueira do país. Estima-se que o 1,4 bilhão de chineses consomem 38% de toda a produção global de peixes e frutos do mar.
O percentual corresponde uma das maiores taxas de consumo per capita desses alimentos do mundo. Conforme a FAO (Agência das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), cada pessoa consome 37,8 kg de peixes por ano na China. Em 1985, o percentual era de apenas 7 kg.
A expectativa é que as negociações para reduzir os subsídios à pesca na Organização Mundial do Comércio, com acordo previsto para o final do ano, possam frear a rápida expansão chinesa em barcos pesqueiros.
“É provável que Beijing corte os subsídios se todo mundo o fizer. Até lá, a pesca chinesa continuará a esgotar os oceanos enquantos milhões passam fome”, opinou Isabel Jarrett, líder de projeto sobre a redução dos subsídios à pesca nociva.
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