O uso de armamento pesado e ataques indiscriminados a civis constituem crime de guerra no conflito entre Armênia e Azerbaijão, alertou a alta comissária de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas), a chilena Michelle Bachelet, na segunda (2).
De acordo com Bachelet, as tropas armênias e azeris teriam realizado ataques de artilharia contra áreas povoadas no sábado e domingo (1). Há registro de ataques mútuos na cidade azeri de Tartar e na autodeclarada capital de Nagorno-Karabakh, Stepanakert-Khankendi.
Alguns dos foguetes disparados teriam munições cluster – armas mortais compostas por diversas submunições explosivas lançadas sem um alvo específico. A ONU pediu a investigação das violações.
Os conflitos se intensificaram após o fracasso da terceira tentativa de cessar-fogo entre Armênia e Azerbaijão. Os dois países haviam concordado em encerrar as disputas em torno da região de Nagorno-Karabakh no dia 27, em Washington.
A região de Nagorno-Karabakh, povoada principalmente por armênios, declarou independência do Azerbaijão em meio a uma guerra entre 1988 e 1994. Desde 1994, porém, a região está sob controle das forças que o governo azeri, que diz incluir tropas fornecidas pela Armênia.
Adormecido até setembro, o conflito voltou à tona após o presidente azeri, Ilham Aliyev, levantar a possibilidade de uma nova guerra contra a Armênia e denunciar a paralisação das conversações de paz.
Nesta terça (3), Aliyev afirmou ao jornal italiano Azertac que está pronto para cessar-fogo e retirar as tropas do local. Até o momento, no entanto, não há qualquer ação concreta entre as partes.
Mortos e deslocados
O governo do Azerbaijão informou à ONU que cerca de 90 civis morreram nas áreas sob seu controle desde o final de setembro. Já o governo da Armênia relatou 45 mortes de civis na zona de conflito de Nagorno-Karabakh. Outras duas pessoas teriam morrido no território armênio.
Só na última quarta (28), a disputa entre os dois países resultou em 21 mortos e mais de 70 feridos na cidade azeri de Barda, a cerca de 30 quilômetros do núcleo do conflito.
O crescente número de deslocados também preocupa. Enquanto cerca de 40 mil pessoas teriam saído do Azerbaijão, outros 90 mil já deixaram a Armênia.
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