A influência da Rússia na ex-república soviética da Moldávia não está em risco mesmo com a derrota do atual presidente, Igor Dodon, para Maia Sandu, nas eleições do domingo (15), dizem especialistas.
De acordo com o diretor do think tank Carnegie Moscow Center, Dmitry Trenin, Sandu representa uma renovação em relação a Dodon, mas a mudança no país não deve ser expressiva.
“É sobretudo por conta das prerrogativas limitadas do cargo”, disse Trenin à Radio Free Liberty. “As transformações podem ser mais profunda apenas se [a eleição de Sandu] for seguida por uma mudança semelhante nas eleições parlamentaress”.
Mas nem todos veem assim. O presidente do comitê de Relações Exteriores do Senado da Rússia, Konstantin Kosachyov, vê Sandu com desconfiança – sobretudo por seu interesse na aproximação com a União Europeia.
“Sérias mudanças aguardam a Moldávia, em especial em termos de política externa”, disse. Para Kosachyov, qualquer esforço para evitar a Rússia está fadado ao fracasso.
O Kremlin, por sua vez, já estabeleceu relações com a nova presidente. Logo após a vitória de Sandu, Vladimir Putin parabenizou a ex-economista do Banco Mundial e afirmou que a Rússia “funcionará” com qualquer chefe de Estado à frente da Moldávia.
“Espero que sua atividade como presidente fomente o desenvolvimento construtivo das relações entre nossos países”, escreveu Putin.
A retórica só comprova o “pragmatismo de Putin”, como afirmou o historiador especialista em Guerra Fria, Sergey Radchenko, da Universidade Cardiff, no País de Gales. “Não importa a cor do gato, desde que atenda aos interesses de Moscou“, disse ele.
Putin condena ‘pressão externa’
Ao mesmo tempo, Putin condena as “tentativas de pressão externa” sobre as ex-repúblicas soviéticas, além da Moldávia, em Belarus e Quirguistão.
“Após a eleição, nossos amigos bielorrussos estão enfrentando uma pressão sem precedentes. O povo de Belarus deve resolver seus problemas sozinho, sem a interferência de ninguém”, disse o presidente russo.
Putin refere-se à série de protestos e sanções externas impostas a Minsk desde a sexta reeleição de Alexsander Lukashenko, no início de agosto.
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