O conflito entre as lideranças de Tigré e o governo da Etiópia avança agora sobre a vizinha Eritreia, registrou a Reuters. O exército regional teria disparado pelo menos três mísseis contra a capital eritreia, Asmara, na noite de sábado (14).
“Nosso país está nos atacando com ajuda de um país estrangeiro, a Eritreia. Traição!”, disse o líder tigré Debretsion Gebremichael.
Segundo ele, Asmara enviou tanques e milhares de soldados para fortalecer a ofensiva das forças do do primeiro-ministro etíope Abiy Ahmed em Tigré. Adis Abeba não se manifestou sobre o suposto apoio militar.
Debretsion ainda acusou Abiy de enviar drones de uma base militar pertencente aos Emirados Árabes Unidos. O governo da Eritreia, conhecido por manter um exército de mais de 200 mil combatentes, negou.
O movimento representa uma grave escalada no conflito que já se prolonga por 12 dias. Sem acesso a meios de comunicação, a disputa se intensificou desde que as tropas etíopas retomaram o controle da região, na quinta-feira (12).
Abiy foi reconhecido com o Nobel da Paz em 2019 por encerrar a guerra entre a Etiópia e Eritreia após 20 anos de conflitos.
Governo etíope avança
Nesta segunda (16), as tropas do governo etíope anunciaram a captura de outra cidade de Tigré em meio ao conflito, informou a CNN.
Ainda não há um número confirmado de óbitos, mas estima-se que centenas já tenham morrido em decorrência das disputas. Até agora, cerca de 20 mil deixaram a região em direção ao Sudão.
As disputas em Tigré se acentuaram no início do mês, quando Ahmed enviou tropas à região após um suposto ataque em uma base militar, que envolveu roubo de artilharia.
Abiy acusa os líderes de Tigré de desrespeitar a Constituição etíope. O partido realizou eleições locais no dia 9 de setembro sem autorização do governo, que adiou o pleito para 2021 por conta da pandemia do novo coronavírus.
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