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segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Em Burkina Faso, violência jihadista impede acesso de 350 mil à eleição

Autoridades estimam que ataques e ameaças de jihadistas impediram o acesso de até 350 mil eleitores às urnas durante a eleição em Burkina Faso neste domingo (22).

Grupos ligados à Al Qaeda e ao Estado Islâmico ameaçaram “cortar os dedos” dos eleitores que insistissem em votar, relatou o chefe da comissão eleitoral, Newton Ahmed Barry, em entrevista coletiva, segundo a Reuters.

Diversas seções eleitorais nas regiões norte e leste do país, no Sahel africano, foram fechadas.

Em Burkina Faso, Kaboré se encaminha para reeleição após eleição violenta
Eleições em Burkina Faso em 23 de novembro de 2020 (Foto: CreativeCommons/Agenzia Fides)

Os resultados parciais do pleito apontam para a reeleição do atual presidente, Roch Kaboré. O político lidera os votos já analisados na província de Balec, conforme a apuração da Ceni (Comissão Eleitoral Independente).

A expectativa é que a apuração seja concluída até quarta-feira (25). A comissão começou a abrir as cédulas ainda na noite de domingo após pleito marcado pela violência no país africano.

A ainda menor participação democrática tende a fortalecer os grupos extremistas, que dificultam a ação do Estado nas regiões rurais do país.

Burkina Faso e seus 21 milhões de habitantes vivem tentativa constante de dominação jihadista desde 2015. No ano passado, a violência forçou o deslocamento de um milhão de pessoas e, neste ano, mais de dois mil morreram após avanços de extremistas.

Segundo turno

Com a escalada de conflitos, insegurança alimentar e a consequente queda de populariade de Kaboré, analistas estimam que a eleição de Burkina Faso pode ir para um segundo turno.

Nesta segunda (23), os principais candidatos da oposição, Zephirin Diabre e Eddie Komboigo, apresentaram queixas formais por supostas fraudes eleitorais.

Diabre é ex-ministro das Finanças e ficou em segundo lugar no pleito de 2015. Komboigo é o atual chefe do Congresso para a Democracia e o Progresso (CDP), partido do ex-presidente Blaise Compaore, à frente do país por 27 anos até a revolução de 2014.

“Burkina Faso está em uma catástrofe”, disse Komboigo à Associated Press. “Kaboré não tem competência para seguir uma abordagem mais diplomática com os jihadistas”.

Para seguir na Presidência, Kaboré deve reunir mais de 50% dos votos no primeiro turno.

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