Autoridades estimam que ataques e ameaças de jihadistas impediram o acesso de até 350 mil eleitores às urnas durante a eleição em Burkina Faso neste domingo (22).
Grupos ligados à Al Qaeda e ao Estado Islâmico ameaçaram “cortar os dedos” dos eleitores que insistissem em votar, relatou o chefe da comissão eleitoral, Newton Ahmed Barry, em entrevista coletiva, segundo a Reuters.
Diversas seções eleitorais nas regiões norte e leste do país, no Sahel africano, foram fechadas.
Os resultados parciais do pleito apontam para a reeleição do atual presidente, Roch Kaboré. O político lidera os votos já analisados na província de Balec, conforme a apuração da Ceni (Comissão Eleitoral Independente).
A expectativa é que a apuração seja concluída até quarta-feira (25). A comissão começou a abrir as cédulas ainda na noite de domingo após pleito marcado pela violência no país africano.
A ainda menor participação democrática tende a fortalecer os grupos extremistas, que dificultam a ação do Estado nas regiões rurais do país.
Burkina Faso e seus 21 milhões de habitantes vivem tentativa constante de dominação jihadista desde 2015. No ano passado, a violência forçou o deslocamento de um milhão de pessoas e, neste ano, mais de dois mil morreram após avanços de extremistas.
Segundo turno
Com a escalada de conflitos, insegurança alimentar e a consequente queda de populariade de Kaboré, analistas estimam que a eleição de Burkina Faso pode ir para um segundo turno.
Nesta segunda (23), os principais candidatos da oposição, Zephirin Diabre e Eddie Komboigo, apresentaram queixas formais por supostas fraudes eleitorais.
Diabre é ex-ministro das Finanças e ficou em segundo lugar no pleito de 2015. Komboigo é o atual chefe do Congresso para a Democracia e o Progresso (CDP), partido do ex-presidente Blaise Compaore, à frente do país por 27 anos até a revolução de 2014.
“Burkina Faso está em uma catástrofe”, disse Komboigo à Associated Press. “Kaboré não tem competência para seguir uma abordagem mais diplomática com os jihadistas”.
Para seguir na Presidência, Kaboré deve reunir mais de 50% dos votos no primeiro turno.
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