A perseguição de grupos extremistas a eleitores de Burkina Faso coloca em risco a fragilíssima democracia do país. De acordo com o portal The New Humanitarian, criminosos estão interrompendo o registro de eleitores para evitar que participem das eleições no dia 22.
Pelo menos mil comunidades e cerca de 166 mil estão inacessíveis para fazerem seus registros eleitorais no país, apontou a Ceni (Comissão Eleitoral Independente, em francês).
O principal alvo dos extremistas é a população afastada dos centros urbanos e que vive em áreas rurais.
Em agosto, o Parlamento do país, na África Ocidental, aprovou uma lei que habilita a contagem de votos mesmo quando não fica impossibilitado o acesso às urnas.
Mesmo antes dos ataques, a participação política já era baixa em Burkina Faso. Estima-se que apenas cinco milhões de eleitores se registraram para votar no pleito de 2015 e apenas 60% foram às urnas. Com 19,75 milhões de habitantes, o país possui 11 milhões de eleitores.
“Se metade do país votar e outra não, não é normal”, disse o servidor público de Barsalogho, Saidou Wily. A cidade, na região central de Burkina Faso, foi tomada pela violência de grupos extremistas.
Disputa pelo poder
Analistas afirmaram à The New Humanitarian que uma baixa participação nas áreas rurais deve prejudicar a atuação do Estado e, em consequência, fortalecer grupos jihadistas ligados ao Estado Islâmico e à Al-Qaeda.
O domínio dos grupos extremistas no país já forçou o deslocamento de mais de um milhão de pessoas – a grande maioria desde 2019.
Com forte insegurança alimentar em meio à pandemia, o presidente Roch Kaboré, candidato à reeleição, vê sua popularidade cair dia após dia.
Agora o risco é que Burkina Faso encontre o mesmo caminho do vizinho, Mali, onde uma eleição disputada terminou em golpe militar, em agosto. No dia 22, a população do país africano deverá escolher entre 13 candidatos à Presidência.
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