Só o fato de estar sozinho, parado e portando um cartaz com um “rosto feliz” já foi suficiente para o governo de Singapura processar o ativista Jolovan Whan, na segunda (23).
O governo acusa Wham formalmente por reunião sem autorização da polícia. O ato está proibido desde a promulgação da Lei de Ordem Pública, que regula a realização de manifestações em espaço público.
“As acusações contra mim são inaceitáveis, mas não surpreendentes”, disse o ativista ao jornal inglês “Financial Times”. “O governo de Singapura mostrou mais uma vez o desprezo pelos próprios cidadãos. Como ficar em público para tirar uma foto pode ser uma ofensa?”.
Wham é velho conhecido da autoridades locais por protestar contra a repressão política da cidade-Estado. No início do ano, o jovem foi preso por realizar um evento com a participação do ativista pró-democracia de Hong Kong, Joshua Wong, via Skype.
Após a acusação, outros cidadãos de Singapura tiraram fotos com placas de “rostos felizes” e encaminharam a Wham, que as publicou em sua conta no Instagram.
“Caso ridículo”
Em agosto, o vice-diretor da organização Human Rights Watch na Ásia, Phil Robertson, classificou a acusação contra Wham como um “caso ridículo”. “Isso revela tudo que há de errado com o sistema autoritário de Singapura.”
A cidade-Estado ao sudeste asiático de 5,6 milhões de habitantes é governada pelo mesmo partido desde a independência da Coroa Britânica, em 1965.
“Singapura deve descartar a sua Lei de Ordem Pública e suas diversas violações às liberdades individuais”, exortou Robertson.
O ativista se recusou a declarar-se culpado pelas acusações e pagou uma fiança de 15 mil dólares de Singapura – o equivalente a cerca de R$ 60 mil. Uma audiência pré-julgamento está prevista para sexta-feira (27).
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