“Se todos os uigures que conheço estivessem neste auditório e eu pedisse que levantassem aqueles que lembram de alguém que já foi detido nos campos de Xinjiang, todos levantariam”.
A fala é da ativista pelos direitos uigures Rushan Abbas, em um seminário realizado pelo Museu do Holocausto, de Washington, em julho.
O caso de Rushan ganhou repercussão depois da criação da Campanha pelos Uigures. A organização pressiona governos a tomarem providências sobre as violações à população muçulmana de língua turca predominante em Xinjiang, província ao nordeste da China.
Sua irmã, Gulshan Abbas, está desaparecida desde outubro de 2018, quando autoridades chinesas a levaram a um dos campos de detenção da província.
Com base em denúncias, o Museu do Holocausto estima que um a cada 20 uigures ou cidadãos de minoria étnica já passou pelos campos de forma arbitrária.
As perseguições atingem homens, mulheres, idosos e crianças e atingem até três milhões de uigures entre uma população de 12 milhões.
Campos de detenção
O destino são os campos de detenção – locais de alta tecnologia que se multiplicaram na região desde 2016. O governo chinês afirma que servem para “reeducar” possíveis infratores.
Denúncias apontam maus tratos, trabalho forçado e prisões arbitrárias nesses locais. “Quando eu venho ao Museu [do Holocausto] e vejo os judeus, consigo enxergar a população uigur na mesma posição”, relata Rushan. “No lugar da Alemanha está a China”.
Especialistas e ativistas em direitos humanos do mundo todo já apontam a China em crimes contra a humanidade e pedem o fim das violações aos uigures e minorias de Xinjiang.
Enquanto o governo chinês impede a entrada de estrangeiros na província, Rushan busca assinaturas em uma petição para resgatar a irmã.
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