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terça-feira, 24 de novembro de 2020

A menos de 18 meses para eleição, Macron investe em guinada à direita

Apesar de ter sido eleito sob uma plataforma centrista, o atual presidente Emmanuel Macron dá amostras sobre sua inclinação à direita a apenas 17 meses para as próximas eleições na França.

A guinada destra, no entanto, pode ocasionar a perda de eleitores – como já ocorreu em outros governos franceses, como apontou a CNN.

Pelo menos 43 parlamentares foram expulsos do partido de Macron, LREM (La République en Marche), desde a posse do presidente, em 2017. A maioria foi barrada pela base cada vez mais conservadora do partido.

As aberturas conservadoras e de direita de Macron foram evidenciadas quando o partido apresentou um projeto de lei para a “segurança global” ao Parlamento.

A menos de 18 meses para eleição, Macron pende à direita e pode perder eleitores
O presidente francês, Emmanuel Macron, em visita a Moscou em maio de 2017 (Foto: Kremlin)

Um artigo chamou a atenção: a lei proibiria a divulgação de imagens de policiais com a “intenção de prejudicá-los”. Ativistas lançaram um alerta: se sancionada, a lei poderia dificultar a cobertura jornalística em protestos na ocorrência de brutalidade policial.

O Parlamento francês aprovou o projeto nesta terça (24), informou a emissora Euronews. Agora o Senado deve votar o protocolo.

O projeto de lei acompanha outra proposição polêmica, que deve ser apresentada em dezembro. No texto, Macron estaria em busca de “fortalecer os valores seculares” e “combater o separatismo islâmico“.

Macron repete Hollande

A jogada se assemelha à de François Hollande, antecessor de Macron. O ex-presidente tentou tranquilizar a população após uma série de ataques terroristas ao propôr a polêmica lei em revisão à cidadania francesa de dupla nacionalidade aos condenados por terrorismo.

Após os protestos que forçaram a renúncia da então ministra da Justiça, Christiane Taubira, em janeiro de 2016, o desaplaudido Hollande se tornou o primeiro presidente francês a não buscar a reeleição.

Em entrevista à CNN, especialistas anteciparam uma possível repetição histórica. Com o LREM já dividido e as propostas controversas, questiona-se qual será a próxima cartada de Macron para se manter no poder.

“Um grande número de eleitores de esquerda de Macron o deixaram porque viram que ele mudou”, disse o pesquisador Jerome Fourqet. “Eles foram substituídos por eleitores que não votaram nele e que são de direita. A questão é: quanto mais para a direita ele está disposto ou pode ir para manter a liderança intacta?”.

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