Um documento de 14 páginas vazado de forma deliberada pela Embaixada da China na Austrália nesta quarta (18) aponta grave deterioração nas relações entre os dois países.
De acordo com o jornal australiano “The Sidney Morning Herald”, que teve acesso aos papéis, Beijing acusa o primeiro-ministro Scott Morrison de “envenenar as relações bilaterais”.
A carta ainda culpa Camberra pelos relatórios “hostis e antagônicos” sobre a China na mídia australiana independente e pelos ataques ao acordo do Cinturão da Rota da Seda no estado de Victoria, onde fica Melbourne.
“Beijing está com raiva”, disse um porta-voz do governo chinês em uma entrevista em Camberra na terça (17). “Se você quiser fazer da China um inimigo, a China será o seu inimigo”.
Os diplomatas chineses também afirmam que a Austrália lidera “uma cruzada” em fóruns multilaterais sobre assuntos da China. São exemplos tópicos como Taiwan, Hong Kong e Xinjiang – questões sensíveis na política externa chinesa.
Desgastes e consequências
As relações entre China e Austrália estremeceram desde o apoio de Camberra sobre uma investigação independente sobre a origem da Covid-19, no começo do ano.
Aliada aos EUA, a Austrália também proibiu a Huawei na implantação das redes 5G no país, ao alegar questões de “segurança nacional”. A nação da Oceania ainda bloqueou 10 acordos de investimento estrangeiro chinês nos setores de infraestrutura, agricultura e pecuária.
Em resposta, a China já cortou a importação de produtos como vinho, carne, cevada, madeira, lagosta, carvão e algodão – ameaça que pode custar US$ 20 bilhões nas exportações australianas.
Beijing recebe até 40% das exportações da Austrália e é o responsável por um em cada 13 empregos do país. Com a tensão, empresários e diplomatas já se preocupam com as possíveis repercussões da crise de relações entre as duas nações.
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