Especialistas em direitos humanos da ONU (Organização das Nações Unidas) pediram ao governo da Nigéria que inicie investigações sobre o assassinato de manifestantes nos recentes protestos do país.
As vítimas teriam sido mortas por soldados em manifestações pacíficas durante a série de reivindicações pelo fim da violência policial. Os protestos tomaram as ruas de diversas cidades da Nigéria a partir de 8 de outubro.
De acordo com os relatores, a ONU pede por investigações acerca da violência policial ao governo nigeriano desde 2005. “Em 15 anos de promessas, nada mudou”, disseram os especialistas em um comunicado conjunto nesta terça (3).
Os protestos na Nigéria conseguiram causar o fim do batalhão SARS (Esquadrão Antirroubo Especial), no dia 11. A brigada tinha o objetivo de combater casos de roubos e assaltos.
Os agentes, no entanto, mesmo sob acusação de assédio, prisões ilegais, tortura e assassinato, foram remanejados para outros batalhões. Por ora, não há previsão de submissão a nenhum processo criminal.
De acordo com a ONU, a situação mais grave desde o início dos protestos foi o tiroteio de soldados nigerianos a manifestantes em Lekki, no dia 20. Não há como identificar culpados, já que todas as câmeras de videomonitoramento foram desligadas antes do tiroteio.
“O mais preocupante é que, mesmo com a dissolução da SARS, as autoridades já criaram outra unidade semelhante e não encerraram o uso da força”, disseram os especialistas.
Desde o início dos protestos, a polícia usa canhões de água, gás lacrimogêneo e munições reais para dispersar os manifestantes. Além das diversas denúncias de espancamento, há registro de centenas de feridos e um número ainda maior de mortos – até o momento desconhecido.
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