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quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Conflito étnico aumenta em Tigré, na Etiópia, após estado de emergência

Os conflitos na região de Tigré, ao norte da Etiópia, se intensificaram nesta quinta (5), após o anúncio do envio de novas tropas do governo para conter a população local, informou a Associated Press.

De acordo com o primeiro-ministro Abiy Ahmed, o movimento é uma resposta a um suposto ataque do governo regional a uma das bases militares de Addis Abeba.

O governo cortou todas as linhas de comunicação em Tigré desde que Ahmed declarou estado de emergência nesta quarta (4).

Região de Tigré vive aumento de conflito após instauração de estado de emergência
Nacionalistas da cidade de Axum, na região de Tigré, antes das eleições etíopes de 2015 (Foto: Flickr/Jasmine Halki)

A região é a sede do partido da Frente de Libertação do Povo Tigré. A agremiação estava à frente do país até 2018, quando o premiê chegou ao poder.

Em uma disputa contínua, a região realizou eleições locais no dia 9 de setembro mesmo sem a autorização do governo, que adiou o pleito para 2021 por conta da pandemia. No início dos conflitos, Ahmed descartou o uso da força.

“Esta situação atingiu um nível que não pode ser evitado e controlado pelo mecanismo regular da aplicação da lei”, disse o primeiro-ministro, Nobel da Paz em 2019, em um comunicado.

De acordo com o anúncio do governo, o estado de emergência durará seis meses e contará com a supervisão de uma força-tarefa liderada pelo Exército do país.

No decreto emitido pelo governo, as patrulhas terão amplos poderes para “proteger a paz e manter a ordem”. Para que isso aconteça, a Constituição da Etiópia permite a suspensão de direitos políticos e democráticos.

Mortes em Oromia

Além dos confrontos em Tigré, a região de Oromia sofre com frequentes ataques de grupos rebeldes. No domingo (1), cerca de 50 pessoas do grupo étnico Amhara morreram após o ataque de grupos armados em três aldeias.

Os confrontos aconteceram em uma escola da zona de Welega, confirmou a Anistia Internacional. Após os ataques, os cerca de 60 agressores saquearam e incendiaram as comunidades.

De acordo com as autoridaes etíopes, os agressores são do Exército de Libertação Oromo – da mesma etnia que Ahmed. Os Oromo e Amhara são os grupos mais populosos e, juntos, representam mais de 60% da população de 108 milhões de habitantes da Etiópia.

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