A polícia do Marrocos anunciou na quarta-feira (5) a prisão de cinco homens acusados de ligação com o Estado Islâmico (EI), na cidade marroquina de Tânger. Eles foram detidos durante uma ação para desmantelar uma célula terrorista, de acordo com a agência marroquina Map.
Na operação, os agentes apreenderam uma bandeira do EI, uniformes paramilitares, facas, computadores e celulares. Também foram encontrados vários frascos contendo ácido nítrico e outros produtos químicos, além de pregos, cabos elétricos e cinco cilindros de gás. Tais materiais são habitualmente usados para a produção de bombas.
Os extremistas teriam realizado uma campanha para arrecadar fundos entre os simpatizantes da causa, e o dinheiro foi usado para a compra dos produtos que permitiriam a confecção de IEDs (dispositivos explosivos improvisados, da sigla em inglês). Eles planejavam empreender ataques contra locais públicos e órgãos governamentais, focando cidadãos marroquinos e estrangeiros.
O líder da célula teria mantido contato com figuras importantes do EI no Sahel africano, a fim de obter recursos e conhecimento técnico suficientes para realizar o ataque. Um dos detidos trabalha com instalação de câmeras de segurança e admitiu que seu conhecimento de elétrica ajudaria no trabalho de confecção dos explosivos.
Por que isso importa?
De acordo com um relatório do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), publicado em julho deste ano, a prioridade do EI atualmente é “o reagrupamento e a tentativa de ressurgir” em seus dois principais domínios, Iraque e Síria. O documento sugere, ainda, que o grupo teve considerável perda financeira recentemente, devido a dois fatores: as operações antiterrorismo no mundo e a má gestão de fundos por parte de seus líderes.
Militarmente, o EI também se enfraqueceu. Em 2017, o exército iraquiano anunciou ter derrotado a organização no país, com a retomada de todos os territórios que ela dominava desde 2014. O grupo, que chegou a controlar um terço do Iraque, hoje mantém apenas células adormecidas que lançam ataques esporádicos. Já as Forças Democráticas Sírias (FDS), apoiadas pelos EUA, anunciaram em 2019 o fim do “califado” criado pelos extremistas no país.
Paralelamente à derrocada do EI, a pandemia de Covid-19 reduziu o número de ataques terroristas em regiões sem conflito, devido a fatores como a redução do número de pessoas em áreas públicas. Entretanto, grupos jihadistas têm se fortalecido em zonas de conflito, e isso pode causar um impacto na segurança global conforme as regras de restrição à circulação são afrouxadas.
Esse cenário permitiu ao EI, particularmente, ganhar uma sobrevida, fazendo uso sobretudo do poder da internet. À medida em que as restrições relacionadas à pandemia diminuem gradualmente, há uma elevada ameaça de curto prazo de ataques inspirados no grupo fora das zonas de conflito. São ações empreendidas por atores solitários ou pequenos grupos que foram radicalizados e incitados através da internet.
Atualmente, o principal reduto do EI é o continente africano, onde consegue se manter relevante graças ao recrutamento online e à ação de grupos afiliados regionais, como o Boko Haram, da Nigéria. A expansão do grupo em muitas regiões da África desde o início de 2021 é alarmante e pode marcar a retomada de força da organização.
No Brasil
Casos mostram que o Brasil é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.
Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.
Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.
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