A Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad) divulgou nesta quinta-feira (28) um estudo que apela para uma abordagem transformadora na adaptação climática, especialmente nos países em desenvolvimento. A recomendação é para que sejam implantados programas de investimento público em grande escala para moldar as nações às ameaças futuras e atuais, bem como políticas industriais verdes para impulsionar o crescimento e a criação de empregos.
A Unctad lembrou que este foi um ano de eventos climáticos extremos, com ondas de calor mais intensas, ciclones tropicais mais fortes, secas prolongadas e a elevação contínua do nível do mar. Assim, os efeitos começam a trazer danos econômicos e sofrimento humano cada vez maiores, sobretudo em países do Hemisfério Sul, de acordo com o estudo.
A secretária-geral da entidade, Rebeca Grynspan, afirmou que o relatório demonstra que ações para a adaptação exigirão uma abordagem proativa e estratégica. Ela adiciona que os governos dos países em desenvolvimento precisam de política adequada e espaço fiscal para mobilizar financiamento público em grande escala.
De acordo com a chefe da Unctad, essa é a melhor recomendação para que seja possível enfrentar as ameaças climáticas futuras e garantir que esses investimentos complementem as metas de desenvolvimento. As sugestões do estudo também reforçam que a agenda de adaptação não pode ficar atrás das iniciativas de mitigação, que geralmente concentram as discussões.
A avaliação é de que o foco atual é “míope e cada vez mais caro”, especialmente para o mundo em desenvolvimento, onde os choques climáticos estão prejudicando as perspectivas de crescimento e forçando os governos a desviar recursos escassos de investimentos produtivos. Segundo os dados, os custos de adaptação para o grupo de países dobraram na última década, como resultado da pouca ação contra a mudança climática.
Os resultados apontam, ainda, que os valores a serem investidos devem aumentar com a subida das temperaturas, atingindo US$ 300 bilhões em 2030 e US$ 500 bilhões em 2050.
A entidade recomenda o fortalecimento de resiliência a choques em todos os níveis de desenvolvimento, melhorando a coleta de dados e técnicas de avaliação de risco. Assim, seria possível proteger ativos existentes e fornecer apoio financeiro temporário se necessário.
As principais ações sugeridas pelo relatório focam em diferentes frentes, ligadas a investimento em iniciativas que foquem em baixas emissões de carbono e energias renováveis, assim como política industrial mais sustentável.
O relatório também fala em adoção de práticas mais ecológicas na agricultura, melhorando a segurança alimentar e assegurando a renda, principalmente de pequenos produtores, e diversificação de commodities primárias.
Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News
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