A França anunciou que uma operação da missão Barkhane no Mali, realizada no sábado (16), resultou nas mortes do líder de uma facção da Al-Qaeda e de quatro outros membros da organização jihadista. A ação ocorreu em Gourma, no norte do país, informou o jornal português Expresso.
Saghid Ag Alkhoror liderava o JNIM (Grupo de Apoio ao Islã e aos Muçulmanos), grupo extremista ligado à Al-Qaeda que atua na fronteira com Níger e Burkina Faso. Alkhoror, também conhecido como Abu Nassar, foi morto junto de seus combatentes durante um ataque aéreo na localidade de Tin Assakok.
O governo da França destacou militares para o oeste do Sahel, onde as forças lutam desde 2013 contra grupos jihadistas na conturbada região. Atualmente, há um processo de redução de tropas, por ordem do próprio presidente Emmanuel Macron, já que há um amplo consenso de que a intervenção não estaria tendo êxito.
Macron declarou recentemente que o envio de mais de 4 mil soldados franceses para o Mali sofreria acentuada redução, ao mesmo tempo em que os remanescentes seriam integrados a uma missão internacional mais ampla. As forças têm lutado para conter a expansão do território reivindicado por grupos ligados ao EI e à Al-Qaeda.
Por que isso importa?
A instabilidade no Mali começou com o golpe de Estado em 2012, quando vários grupos rebeldes e extremistas tomaram o poder no norte do país. De quebra, a nação, independente desde 1960, viveu em agosto do ano passado o quarto golpe militar na sua história, gerando uma turbulência política que dificulta o combate aos insurgentes.
Especialistas e políticos ocidentais enxergam uma geopolítica delicada na região, devido ao aumento constante da influência de grupos jihadistas e a consequente explosão da violência nos confrontos entre extremistas e militares. Além disso, trata-se de uma posição importante para traficantes de armas e pessoas, e o processo em curso de redução das tropas franceses, que atuam no país desde 2013, tende a piorar a situação.
Os conflitos, antes concentrados no norte do país, se expandiram inclusive para os vizinhos Burkina Faso e Níger. A região central do Mali se tornou um dos pontos mais violentos de todo o Sahel africano, com frequentes assassinatos étnicos e ataques extremistas contra forças do governo.
O governo do coronel Assimi Goita, admitindo a incapacidade de conter o avanço dos jihadistas mesmo com apoio militar internacional, resolveu recorrer ao uso de um esquadrão de mercenários. Trata-se do Wagner Group, uma organização obscura russa cuja própria existência é invariavelmente desmentida.
No Brasil
Casos mostram que o país é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.
Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.
Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.
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