A Europol, força policial da União Europeia (UE), e a Polícia Nacional da Espanha anunciaram a prisão de cinco jihadistas associados ao Estado Islâmico (EI) que planejavam um ataque terrorista em solo europeu. As detenções aconteceram em Madrid e Barcelona, na última quinta-feira (14).
A célula terrorista foi descoberta porque os extremistas tentavam adquirir um rifle russo Kalashnikov. Todos os homens detidos são argelinos, e com eles foram encontrados cartuchos para a arma de fogo e inúmeras facas de grande porte.
“Conhecida como Operação ARBAC, esta investigação começou em dezembro de 2020, depois que a Polícia Espanhola detectou a entrada na Espanha de um membro do Estado Islâmico. Ele e dois cúmplices foram presos em Barcelona em janeiro deste ano sob suspeita de prepararem um ataque terrorista“, diz comunicado da Europol.
Através dos três extremistas detidos em janeiro, a Europol chegou ao líder do grupo, conhecido como “Sheik. “Ele havia sido preso na Turquia em 2016, quando tentava ingressar no EI. Depois de libertado, este indivíduo percorreu vários países, como Malásia, Tanzânia e Argélia, onde alegadamente recrutou membros para o EI”, afirmam as autoridades.
“Sheik” estava sob vigilância das autoridades espanholas desde que ingressou no país, em março deste ano. Ele havia recrutado os argelinos “altamente radicalizados” que foram presos junto com ele na última quinta.
Sanções da UE
Na segunda-feira (18), o Conselho da UE anunciou a renovação por mais um ano das medidas restritivas existentes contra o EI e a Al-Qaeda, atingindo pessoas, grupos, empresas e entidades associadas aos dois grupos terroristas.
Os indivíduos sancionados ficam sujeitos a “medidas restritivas, que consistem na proibição de viajar para a UE e no congelamento de bens. Além disso, pessoas e entidades da UE estão proibidas de disponibilizar fundos e recursos econômicos às pessoas listadas”, diz o relatório do bloco.
A medida é válida até 31 de outubro de 2022 e permite à UE impor medidas restritivas direcionadas “àqueles que cometem atos terroristas, forneça apoio e incite tais atos ou recrute para o EI e a Al-Qaeda ou seus afiliados”.
Por que isso importa?
A pandemia de Covid-19 reduziu o número de ataques terroristas em regiões sem conflito, caso da UE, devido a fatores como a redução do número de pessoas em áreas públicas. Entretanto, grupos jihadistas têm se fortalecido em zonas de conflito, e isso pode causar um impacto na segurança global conforme as regras de restrição à circulação são afrouxadas.
O EI, particularmente, ganhou uma sobrevida graças ao poder da internet. À medida em que as restrições relacionadas à quarentena diminuem gradualmente, há uma elevada ameaça de curto prazo de ataques inspirados no grupo fora das zonas de conflito. São ações empreendidas por atores solitários ou pequenos grupos que foram radicalizados e incitados através da internet.
Isso coloca as autoridades antiterrorismo em alerta, uma vez que o EI se enfraqueceu consideravelmente nos últimos anos, tanto financeira quanto militarmente. Em 2017, o exército iraquiano anunciou ter derrotado a organização no país, com a retomada de todos os territórios que ela dominava desde 2014. O grupo, que chegou a controlar um terço do Iraque, hoje mantém apenas células adormecidas que lançam ataques esporádicos. Já as Forças Democráticas Sírias (FDS), apoiadas pelos EUA, anunciaram em 2019 o fim do “califado” criado pelos extremistas no país.
Atualmente, o principal reduto do EI é o continente africano, onde consegue se manter relevante graças ao recrutamento online e à ação de grupos afiliados regionais, como o Boko Haram, da Nigéria. A expansão do grupo em muitas regiões da África desde o início de 2021 é alarmante e pode marcar a retomada de força da organização, algo que em determinado momento pode refletir de maneira mais relevante em regiões como a Europa.
De acordo com um relatório do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), publicado em julho deste ano, a prioridade do EI atualmente é “o reagrupamento e a tentativa de ressurgir” em seus dois principais domínios, Iraque e Síria. O documento sugere, ainda, que o grupo teve considerável perda financeira recentemente, devido a dois fatores: as operações antiterrorismo no mundo e a má gestão de fundos por parte de seus líderes.
No Brasil
Casos mostram que o Brasil é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.
Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.
Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.
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