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quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Afeganistão registra 30 casos de violência contra jornalistas com o Taleban no poder

Entre os meses de setembro e outubro, os primeiros desde a tomada do poder pelo Taleban no Afeganistão, mais de 30 casos de violência e ameaças contra jornalistas locais foram registrados. O relatório aponta que 90% dos delitos foram de responsabilidade do movimento jihadista que controla o país, denunciou um órgão de vigilância de mídia nesta quarta-feira (27). As informações são do jornal Westport News.

De acordo com ocorrências registradas pelo Sindicato Nacional de Jornalistas do Afeganistão (Anju, da sigla em inglês), 40% dos casos foram de espancamento, 40% de ameaças verbais e 20% de prisões por um dia. Um jornalista foi morto.

O documento também revelou que a violência ocorre na maior parte das vezes fora de Cabul, nas províncias. Dos 30 casos, somente seis foram perpetrados na capital.

Jornalistas de Cabul participam de um treinamento da ONU em 9 de novembro de 2016 (Foto: Flickr)

O relatório vem a conhecimento do mundo em um momento em que os talibãs lançam esforços de diplomacia a uma comunidade internacional bastante relutante em reconhecer formalmente seu governo que, de acordo com os insurgentes, é responsável e comprometido com a segurança da população.

O vice-ministro da Cultura e da Informação e porta-voz do Taleban, Zabihullah Mujahid, disse à agência Associated Press que tem conhecimento sobre os atos violentos contra os profissionais da imprensa e está investigando os casos, bem como fez promessas de punir os agressores.

“A nova transição e o pouco profissionalismo de nossos amigos causaram isso”, disse Mujahid.

Escalada da violência

A vertiginosa violência contra jornalistas no Afeganistão levanta dúvidas sobre as prometidas liberdades de imprensa e de expressão anunciadas pelo grupo islâmico ao tomar o poder central do país. Relembre alguns casos:

Eu julho, o repórter fotográfico indiano Danish Siddiqui, que trabalhava para a agência Reuters, morreu enquanto fazia a cobertura jornalística de um confronto entre forças de segurança do Afeganistão e o Taleban.

Em agosto, o jornalista Ziar Khan Yaad, da emissora afegã TOLO TV, foi atacado por membros do Taleban em Cabul. Yaad e seu cinegrafista foram surpreendidos pela ação violenta dos extremistas enquanto trabalhavam em uma reportagem sobre a situação de pessoas desempregadas e trabalhadores. 

Em setembro, o fotojornalista afegão Morteza Samadi passou mais de três semanas detido pelo Taleban. A informação de sua soltura foi confirmada por amigos do fotojornalista à reportagem de A Referência.

Em outubro, membros do Taleban agrediram um grupo de jornalistas que faziam a cobertura de um protesto de mulheres em Cabul. Um fotojornalista estrangeiro foi atingido com uma coronhada de um rifle por um talibã, que ofendeu o fotógrafo enquanto desferia socos e chutas nas costas dele. Pelo menos mais dois jornalistas foram atingidos no processo de dispersão, enquanto os extremistas os perseguiam portando rifles e outras armas pesadas.

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