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sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Reino Unido adverte a China e classifica incursões em Taiwan como ‘imprudentes’

O governo britânico lançou um alerta à China pelas recentes incursões aéreas em Taiwan, que atingiram o ápice no início do mês de outubro. De maneira diplomática, porém incisiva, o Reino Unido alertou que as ações chinesas podem desencadear um conflito e que quaisquer disputas devem ser solucionadas de forma diplomática. As informações são da agência Reuters.

Militarmente, eles estão se posicionando, como vimos. Achamos isso imprudente”, disse o secretário de Defesa britânico Ben Wallace, durante reunião dos membros da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) em Bruxelas. “Você corre o risco de desestabilizar a região, corre o risco de provocar mais conflitos em outras áreas disputadas”, reforçou.

Wallace mantém a neutralidade ao avaliar a demanda chinesa de que Taiwan é parte de seu território, mas deixa claro que a situação não é clara e precisa ser diplomaticamente debatida. “A diferença entre a China continental e Taiwan precisa ser resolvida por métodos pacíficos”, disse ele, que ainda fez um paralelo com Hong Kong, que desde 1997 vive sob o guarda-chuva governamental da China.

Reino Unido diz que incursões da China em Taiwan potencializam o risco de conflito
Jatos J-10 da força aérea chinesa, em foto de 2010 (Foto: Wikimedia Commons)

O caso de Hong Kong

Diferente de Taiwan, que tem governo próprio e busca reconhecimento global como nação independente, Hong Kong passou do domínio britânico para o chinês em 1997, embora opere sob um sistema mais autônomo e diferente do restante da China. Ainda assim, a submissão a Beijing sempre foi muito forte, o que levou a protestos em massa a favor da independência, em 2019.

A resposta de Beijing aos protestos veio através da lei de segurança nacional, que deu ao governo poder de reprimir a oposição. A normativa legal classifica e criminaliza qualquer tentativa de “intervir” nos assuntos locais como “subversão, secessão, terrorismo e conluio”. Infrações graves podem levar à prisão perpétua.

Nações ocidentais não perdem a oportunidade de indicar sua insatisfação com a repressão imposta em Hong Kong. Em agosto, o presidente norte-americano Joe Biden assinou um memorando que impede por 18 meses a deportação de cidadãos de Hong Kong que vivem nos Estados Unidos.

A decisão, segundo a Casa Branca, é uma forma de assegurar “os direitos humanos e as liberdades fundamentais” frente à “erosão” de tais garantias “pela República Popular da China”. Washington cita especificamente a lei de segurança nacional, afirmando que ela “minou o gozo dos direitos e liberdades em Hong Kong”.

Por que isso importa?

Taiwan, por sua vez, é uma questão territorial ainda mais sensível para os chineses. Relações exteriores que tratem o território como uma nação autônoma estão, no entendimento de Beijing, em desacordo com o princípio defendido de “Uma Só China“, que se estende a Hong Kong.

As nações ocidentais, capitaneadas pelos Estados Unidos, têm se aproximado cada vez mais de Taiwan, embora não reconheçam a ilha como uma nação soberana. A simples aproximação, mesmo sem vinculo diplomático oficial, levou a China a endurecer sua retórica contra as reivindicações de independência taiwanesas no ano passado.

Nos últimos meses, jatos militares chineses passaram a realizar exercícios militares nas regiões limítrofes com Taiwan, e agora habitualmente invadem o espaço aéreo da ilha, deixando claro que a China não aceitará a independência do território “sem uma guerra”.

No início do mês, a força aérea chinesa realizou uma incursão recorde, com 56 aeronaves invadindo o espaço aéreo da ilha num só dia. No total, ao longo de quatro dias, Beijing enviou 149 caças. O episódio, classificado por Taipé como “irresponsável ação provocativa”, gerou reações de aliados ocidentais, entre eles Estados Unido e França e levou o governo taiwanês a intensificar seu projeto de fortalecimento militar.

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