A crise da Evergrande, gigante chinesa da construção civil, já respinga em outra empresas do setor e impacta duramente na economia da China, que deve sofrer uma desaceleração em 2021. A análise é dos bancos UBS e Barclays, conforme informações do site Business Insider.
Na visão dos bancos, o problema com o grupo já se alastrou pelo setor, que é uma das principais fontes de crescimento da economia nacional. “Os mercados de títulos onshore e offshore permanecem efetivamente fechados para incorporadores [imobiliários], enquanto as vendas, a principal fonte de fluxo de caixa, estão caindo”, afirmam os analistas do suíço UBS, liderados pelo economista-chefe da China Tao Wang.
Já os analistas do britânico Barclays, entre eles Jian Chang, economista-chefe na China, entendem que houve uma “rápida deterioração da confiança no mercado imobiliário devido às dificuldades financeiras de Evergrande, atingindo mais incorporadores em outubro”.
Num primeiro momento, as duas instituições financeiras reduziram suas projeções para a economia chinesa em 2021. Por um lado, o UBS encolheu sua previsão de crescimento do PIB (produto interno bruto) da China para 7,6%, de uma estimativa anterior de 8,2%. Já o Barclays cortou sua projeção de 8,5% para 8%. O sinal de desaceleração é evidente: no terceiro trimestre, o crescimento foi de 4,9% em relação a 2020, contra 7,9% do segundo trimestre.
O Barclays chegou a desmentir uma projeção otimista do banco central chinês, segundo o qual os investidores devem ficar calmos porque a crise da Evergrande seria controlável. “Os dados de setembro apontam para uma deterioração mais rápida do que o esperado nos indicadores antecedentes para o investimento imobiliário, incluindo vendas de casas, vendas de terrenos e preços de casas”, diz a instituição britânica, que se mostra pessimista quanto às projeções para o quarto trimestre.
Crise energética
Além da Evergrande, também impacta na economia chinesa o risco de uma crise energética, com o aumento do preço das fontes de energia globais, a escassez de carvão na China e as consequentes interrupções da produção em diversas fabricas do país. “A restrição de produção e a escassez de energia provavelmente continuarão pesando no crescimento do quarto trimestre”, dizem os economistas do UBS.
Um junção de fatores colocou a China na iminência da crise energética. Primeiro, a pressão do governo para reduzir as emissões de gases do efeito estufa, com vistas à meta de atingir a neutralidade de emissões até 2060. Num país que tem quase 60% da economia dependente do carvão, a solução foi impor racionamento de energia em residências e na indústria.
Paralelamente, as chuvas torrenciais que atingiram o país recentemente causaram inundações na província de Shanxi, de onde sai cerca de 30% de todo o carvão consumido no país. Como resultado, o preço do produto disparou, e o governo se viu forçado a suspender os limites de produção antes existentes por razões ambientais.
N setor de industrial, as grandes vítimas do racionamento foram os setores que demandam mais energia elétrica, como a produção de cimento e as fundições de alumínio e aço, segundo a rede britânica BBC. Num caso extremo, uma fábrica têxtil da província de Jiangsu cortou totalmente a energia num período entre setembro e outubro. Com isso, cerca de 500 trabalhadores tiveram que deixar seus postos e receberam um mês de folga remunerada.
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