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quinta-feira, 7 de outubro de 2021

Ataque atribuído a jihadistas mata 16 militares na região central do Mali

Um ataque empreendido por jihadistas matou 16 soldados do exército do Mali, na quarta-feira (6), no vilarejo de Bodio, região de Mopti. A ação envolveu o uso de IED (dispositivo explosivo improvisado, da sigla em inglês) e disparos de armas de fogo de grosso calibre, conforme fontes militares informaram ao site The Defensive Post.

Inicialmente, o exército relatou nove soldados mortos, além de 11 feridos. Posteriormente, um agente de saúde que trabalha na região afirmou que recebeu os corpos de 16 militares mortos no necrotério local. Uma fonte dos serviços de segurança confirmou que o número de vítimas fatais é maior que o informado inicialmente pelos militares.

Nenhuma organização assumiu a autoria dos ataques, que o governo atribui a grupos jihadistas. De acordo com os militares, a ação terminou também com a morte de 15 extremistas e a apreensão de 20 motocicletas usadas no ataque.

Soldados do exército do Mali em exercício militar em Bamako, novembro de 2008 (Foto: divulgação/africom.mil)

Por que isso importa?

A instabilidade no Mali começou com o golpe de Estado em 2012, quando vários grupos rebeldes e extremistas tomaram o poder no norte do país. De quebra, a nação, independente desde 1960, viveu em agosto do ano passado o quarto golpe militar na sua história, gerando uma turbulência política que dificulta o combate aos insurgentes.

Especialistas e políticos ocidentais enxergam uma geopolítica delicada na região, devido ao aumento constante da influência de grupos jihadistas e a consequente explosão da violência nos confrontos entre extremistas e militares. Além disso, trata-se de uma posição importante para traficantes de armas e pessoas, e o processo em curso de redução das tropas franceses, que atuam no país desde 2013, tende a piorar a situação.

Os conflitos, antes concentrados no norte do país, se expandiram inclusive para os vizinhos Burkina Faso e Níger. A região central do Mali se tornou um dos pontos mais violentos de todo o Sahel africano, com frequentes assassinatos étnicos e ataques extremistas contra forças do governo.

O governo do coronel Assimi Goita, admitindo a incapacidade de conter o avanço dos jihadistas mesmo com apoio militar internacional, resolveu recorrer ao uso de um esquadrão de mercenários. Trata-se do Wagner Group, uma organização obscura russa cuja própria existência é invariavelmente desmentida.

Assimi Goita, coronel que governa o Mali (Foto: reprodução/twitter.com/PresidenceMali)

Há indícios de que ao menos 10 mil pessoas já atuaram no grupo, cuja primeira empreitada de que se tem notícia foi em 2014, quando se aliou a separatistas pró-Rússia contra o governo da Ucrânia. Desde então, há sinais de presença do grupo em conflitos em diversos países, como Líbia, Síria, Sudão, Moçambique e República Centro Africana.

Em agosto, um tablet perdido ajudou a expor os segredos da organização. Uma reportagem da BBC teve acesso ao equipamento, que expõe a participação da milícia na guerra civil da Líbia, sugere a proximidade entre associados do grupo e o governo russo e dá fortes indícios de que os mercenários são responsáveis por inúmeros crimes de guerra.

No Brasil

Casos mostram que o país é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.

Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.

Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.

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