Michelle Bachelet, principal autoridade da ONU para os Direitos Humanos, condenou nesta segunda-feira (25) o golpe de Estado em andamento no Sudão. Se de um lado ela pede que os militares “respeitem a ordem constitucional e deixem as ruas do país”,
a China recomenda um diálogo entre as facções sudanesas, informou a agência Associated Press.Com a prisão do primeiro-ministro Abdalla Hamdok, detido juntamente com funcionários do governo e líderes, para Bachelet, o golpe põe em risco o acordo de paz assinado em 2020, que representou uma trégua de anos de conflito no país africano e agora “coloca em perigo os importantes progressos alcançados em direção à democracia e aos direitos humanos”.
Em meio a um cenário turbulento, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin, disse na segunda-feira que a China deseja que todas as partes no Sudão “resolvam suas diferenças por meio do diálogo, a fim de manter a paz e a estabilidade do país”.
A China é um membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas e um dos principais investidores na África. Wenbin declarou que Beijing permanecerá atenta à situação no Sudão e irá “tomar as medidas necessárias para garantir a segurança das instituições e do pessoal chinês lá”.Durante o opressor governo de Omar al-Bashir, acusado de ser o mentor de inúmeras atrocidades durante sua campanha para combater conflitos na região oeste de Darfur e entregue recentemente ao Tribunal Penal Internacional de Haia por abusos dos direitos humanos durante seu governo, a China foi o maior parceiro comercial do Sudão e um parceiro internacional importante.
Conflito de quase duas décadas
O acordo de paz assinado entre o governo de transição e os principais grupos armados do Sudão em setembro de 2020 abriu caminho para fortalecer a unidade nacional do país.
Além do governo de transição, os grupos Frente Revolucionária e Movimento de Libertação (Minni Minnawi) assinaram o documento no vizinho Sudão do Sul. À época, a expectativa era de que a rubrica colocasse um ponto final no conflito, que já dura 17 anos.
Desde 2003, os combates das forças armadas e milícias aliadas ao ex-presidente Omar al-Bashir já mataram cerca de 300 mil pessoas. Também forçaram o deslocamento de milhões, segundo a ONU. Al-Bashir foi deposto em abril de 2019, após uma série de disputas iniciadas ainda em 2018.
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