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segunda-feira, 6 de março de 2023

Forças especiais da Somália anunciam a morte de um comandante do Al-Shabaab

As forças especiais do exército da Somália, popularmente conhecidas como Danab, anunciaram no final de semana que uma operação conduzida na última sexta-feira (3) levou à morte de um comandante do Al-Shabaab, grupo extremista ligado à Al-Qaeda que atua no país africano. As informações são do site local Garowe.

O terrorista foi identificado como Aruriyow Mohamed Omar, também conhecido como Ahmed Salah, e era responsável por coordenar as operações da organização extremista no Estado de Jubaland. Além da dele, outros 13 insurgentes teriam morrido na ação da Danab.

“Parabenizo o exército nacional e as forças de Jubaland por sua vitória na operação de sexta-feira. O governo federal está intensificando seus esforços nas operações em andamento. A operação de libertação está indo bem neste Estado, e aplaudo os líderes de Jubaland e seu povo por trabalharem juntos para liberar suas áreas”, disse Arab Dheeg Ahmed, comandante do exército somali.

Soldados do exército da Somália em treinamento na Turquia (Foto: Wikimedia Commons)

Como tem sido habitual em grandes operações das forças armadas somalis, esta contou com o suporte do Comando dos Estados Unidos para a África, braço regional das forças armadas norte-americanas no continente.

O Al-Shabaab tem sido alvo de uma grande operação de contraterrorismo realizada pelas forças da Somália com o apoio de Washington. As tropas norte-americanas deixaram o país africano durante o governo de Donald Trump, mas Joe Biden reativou a missão e enviou cerca de 500 soldados em 2022.

Na semana passada, o governo Biden anunciou a ampliação do apoio às forças do país africano com o envio de 61 toneladas de equipamento militar. O pacote, que já foi entregue em Mogadíscio, inclui fuzis de assalto AK-47, metralhadoras pesadas e munições. 

Por que isso importa?

O Al-Shabaab chegou a controlar Mogadíscio até 2011, quando foi expulso de lá pelas forças da União Africana (UA). Atualmente, controla territórios nas áreas rurais da Somália e luta para derrubar o governo nacional, tendo inclusive se expandido para a vizinha Etiópia.

O grupo concentra seus ataques no sul e no centro da Somália. As atividades envolvem ataques a órgãos e oficiais do governo e a entidades de ajuda humanitária, além de extorsão contra a população local e proteção de terroristas internacionais que se escondem no país.

Um levantamento feito pela ONU e divulgado em dezembro de 2022 aponta que 613 civis morreram no ano passado na Somália em ações terroristas. A maioria dessas pessoas, 315, foi vítima de dispositivos explosivos improvidas (IEDs, na sigla em inglês).

Os números, apresentados pelo Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), apontam, ainda, casos de vítimas civis atingidas pelas forças do governo, por milícias armadas aliadas às forças armadas somalis e por outros “atores não identificados”. As mais de 600 mortes representam um aumento de um terço em relação a 2021, maior número registrado no país desde 2017.

Devido ao crescimento do Al-Shabaab, Mohamud iniciou, em agosto do ano passado, uma grande ofensiva contra os insurgentes. Na ocasião, ele comparou a facção a “uma cobra mortal” e disse que “não há solução a não ser matá-la, antes que ela mate você”.

Ao prometer confrontar os insurgentes, ele inclusive alertou a população para que não seja pega no fogo cruzado. “O Al-Shabaab será confrontado usando todos os métodos que a guerra permitir. Eles serão bombardeados, invadidos e submetidos a ataques aéreos. Então, fique longe deles”, disse Mohamud.

No Brasil

Casos mostram que o Brasil é um porto seguro para extremistas. Em dezembro de 2013, levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.

Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.

Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram.

Em dezembro de 2021, três cidadãos estrangeiros que vivem no Brasil foram adicionados à lista de sanções do Tesouro Norte-americano. Eles são acusados de contribuir para o financiamento da Al-Qaeda, tendo inclusive mantido contato com figuras importantes do grupo terrorista. E, mais recentemente, em outubro de 2022, um associado ao EI, com nacionalidade brasileira e negócios no país, foi sancionado pelos EUA.

Para o tenente-coronel do Exército Brasileiro André Soares, ex-agente da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), o anúncio do Tesouro causa “preocupação enorme”, vez que confirma a presença do país no mapa das organizações terroristas islâmicas.

“A possibilidade de atentados terroristas em solo brasileiro, perpetrados não apenas por grupos extremistas islâmicos, mas também pelo terrorismo internacional, é real”, diz Soares, mestre em operações militares e autor do livro “Ex-Agente Abre a Caixa-Preta da Abin” (editora Escrituras). “O Estado e a sociedade brasileira estão completamente vulneráveis a atentados terroristas internacionais e inclusive domésticos, exatamente em razão da total disfuncionalidade e do colapso da atual estrutura de Inteligência de Estado vigente no país”. Saiba mais.

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