Dois navios russos deixaram o Irã no início de janeiro deste ano carregados com cerca de cem milhões de cartuchos de munição, por volta de 300 mil projéteis explosivos e outros itens de uso militar. É o que aponta uma investigação conduzida pela rede Sky News, cujas descobertas foram publicadas na quarta-feira (8).
A entrega do material, que teria sido pago em dinheiro, foi confirmada por uma fonte do setor de segurança que teve a identidade preservada. Já o transporte foi feito pelos navios Musa Jalil e Begey, ambos de bandeira russa, que, segundo a mesma fonte, deixaram um porto iraniano no Mar Cáspio entre os dias 10 e 12 de janeiro.
“Duzentos contêineres em dois navios são capazes de transportar esta quantidade de munição”, disse a fonte, acrescentando que a Rússia tem usado o Irã como uma “base de retaguarda” durante a guerra em curso na Ucrânia.
Uma verificação dos dados de localização dos dois navios confirma que ambos estavam no Irã em 9 de janeiro. Mais precisamente no porto de Amirabad, no Mar Cáspio.
No dia seguinte, imagens de satélite indicam que ao menos uma das embarcações ainda estava ancorada. Os registros de localização mostram que o Musa Jalil foi embora por volta das 10h, pelo horário local, e o Begey partiu mais tarde no mesmo dia 10 de janeiro.
Após uma parada no Turcomenistão em 12 de janeiro, os dois navios seguiram viagem e chegaram à Rússia no dia 27 de janeiro, tendo ali permanecido até 3 de fevereiro.
A mesma fonte afirma que a munição transportada pelos navios serve armas diversas, entre pistolas, rifles de assalto e metralhadoras. Já entre os projéteis explosivos há foguetes antitanque e de artilharia, morteiros e granadas usadas em lançadores. Coletes à prova de balas e capacetes também eram parte da carga.
“A Rússia paga pela munição em dinheiro e, ao fazê-lo, contorna as sanções ocidentais sobre ela, ignorando ainda as sanções contra o Irã”, disse o informante.
A nova denúncia parece complementar uma reclamação de Evgeny Prigozhin, chefe do Wagner Group, organização paramilitar privada que tem apoiado as forças russas na Ucrânia.
No final de fevereiro, o empresário disse que seus mercenários estavam ficando sem munição no campo de batalhas, dizendo inclusive que o corte nos suprimentos era uma “traição” orquestrada por rivais dentro do Kremlin. Dias depois, Moscou avisou que o fornecimento havia sido restabelecido.
Já a suspeita de que o Irã equipa as tropas russas não é nova. Desde 2022 têm se acumulado denúncias de que Teerã fornece drones às tropas de Vladimir Putin. Os governos russo e iraniano teriam, inclusive, firmado um acordo para que Moscou passe a produzir, com base em projetos iranianos, seus próprios drones de ataque.
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