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terça-feira, 28 de março de 2023

Canadá impõe novas sanções contra o Irã por causa de protestos e drones

O Canadá anunciou na segunda-feira (27) que aplicou sanções a duas entidades e oito indivíduos iranianos em consequência de violações de direitos humanos e produção de drones e mísseis balísticos. É o décimo pacote de penalidades de Ottawa à República Islâmica desde outubro. As informações são da agência Reuters.

A mais recente remessa de penalidades tem como alvo altos funcionários da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC, na sigla em inglês) e das Forças de Aplicação da Lei (LEF, da sigla em inglês), unidade dedicada ao controle de multidões e supressão de protestos, por “violações grosseiras e sistemáticas dos direitos humanos” em Teerã e no noroeste do Irã, detalhou em comunicado o Ministério das Relações Exteriores canadense.

O antigo modelo 129 do drone iraniano Shahed (Foto: WikiCommons)

As sanções também foram destinadas a altos funcionários iranianos envolvidos na produção de drones e mísseis balísticos, acrescentou a nota do órgão governamental, assinada pela chefe da pasta.

“Pedimos ao regime iraniano que pare a opressão brutal do povo iraniano e atenda às suas demandas de boa fé”, disse a ministra das Relações Exteriores, Melanie Joly.

As entidades sancionadas apoiam “o regime iraniano ajudando-o a interromper e manipular as comunicações online daqueles que protestam contra o regime ou fornecendo ao LEF equipamento tático usado na repressão brutal de manifestações”, acrescentou o comunicado.

Desde 2022 têm se acumulado denúncias de que Teerã fornece drones às tropas de Vladimir Putin, o que piorou as relações entre o Irã e o Ocidente. Os governos russo e iraniano teriam, inclusive, firmado um acordo para que Moscou passe a produzir, com base em projetos iranianos, seus próprios drones de ataque.

Por que isso importa?

A turbulência entre o Ocidente e o Irã ocorre em meio à agitação social que domina o país do Oriente Médio. Nos últimos meses, protestos populares tomaram as ruas iranianas após a morte de Mahsa Amini, uma jovem de 22 anos que visitava Teerã quando foi abordada pela “polícia da moralidade” por não usar “corretamente” o hijab, o véu obrigatório para as mulheres. Sob custódia, ela desmaiou, entrou em coma e morreu três dias depois.

Os protestos começaram no Curdistão, província onde vivia Mahsa, e depois se espalharam por todo o país, com gritos de “morte ao ditador” e pedidos pelo fim da república islâmica. As forças de segurança iranianas passaram a reprimir as manifestações de forma violenta, com relatos de dezenas de mortes.

No início de outubro, a ONG Human Rights Watch (HRW) publicou um relatório que classifica o regime iraniano como “corrupto e autocrático”, denunciando uma série de abusos cometidos pelas forças de segurança na repressão aos protestos populares.

Além dos mortos e feridos, a HRW cita os casos de “centenas de ativistas, jornalistas e defensores de direitos humanos” que, mesmo de fora dos protestos, acabaram presos pelas autoridades. Condena ainda o corte dos serviços de internet, com plataformas de mídia social bloqueadas em todo o país desde o dia 21 de setembro, por ordem do Conselho de Segurança Nacional do Irã.

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