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quarta-feira, 29 de março de 2023

Chefe da AIEA retorna à usina nuclear ucraniana mantida pela Rússia

O chefe de vigilância da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, chegou nesta quarta-feira (29) à usina nuclear de Zaporizhzhya, no sul da Ucrânia, ocupada pelas forças russas desde o início da guerra. A instalação atômica, a maior da Europa, é cenário de combates desde então. As informações são do jornal The Washington Post.

Há temores persistentes sobre a segurança do local, já que a região é alvo de bombardeios frequentes. Com tanta turbulência na região, chegou a se falar na possibilidade de um desastre nos moldes de Chernobyl em 1986, que poderia causar grandes impactos nas cidades próximas ou potencialmente dentro de um território muito maior.

Esta é a segunda visita de Grossi a Zaporizhzhia desde que as tropas de Vladimir Putin invadiram a Ucrânia em fevereiro de 2022. O objetivo da visita, segundo a AIEA, é “avaliar em primeira mão a grave situação de segurança e proteção nuclear na instalação”.

Usina nuclear de Zaporizhzhya, na Ucrânia (Foto: Wiklimedia Commons)

A agência conta com uma equipe de especialistas dentro da usina desde setembro de 2022, mas Grossi afirmou que a situação “ainda é precária”.

No início desta semana, o chefe de vigilância teve um encontro com o presidente Volodymyr Zelensky. Na ocasião, o líder ucraniano disse que não era possível restaurar a segurança na usina enquanto Moscou estiver no comando.

“Sem a retirada imediata das tropas russas e do pessoal da usina nuclear de Zaporizhzhia e do território adjacente, qualquer iniciativa para restaurar a segurança nuclear está fadada ao fracasso”, disse Zelensky.

Renat Karchaa, consultor da Rosenergoatom, subsidiária da Rosatom que atua na operação de usinas nucleares e administra Zaporizhzhia, disse nesta quarta que a visita é vista como algo rotineiro, e que que dificilmente representaria grandes avanços.

“Estamos longe de ter qualquer ilusão de que a visita de Grossi mudará drasticamente qualquer coisa. Para nós, este é um evento de trabalho comum”, disse ele, segundo agências de notícias russas.

Apesar de os prédios que abrigam os seis reatores de Zaporizhzhya serem revestidos de concreto armado, o que garante resistência, segundo especialistas, não há usina nuclear civil no mundo projetada para uma situação de guerra.

A curto prazo, a maior preocupação é a de que um corte no fornecimento de eletricidade para a usina pode derrubar os sistemas de refrigeração, essenciais para a operação segura dos reatores. 

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