Um soldado russo que supostamente atirou em um civil perto da cidade de Izyum, no leste da Ucrânia, foi acusado à revelia de crime de guerra pela polícia ucraniana nesta terça-feira (21). Klim Kerzaev é acusado de tentar matar um casal durante um ataque filmado por um drone ucraniano em junho do ano passado. O vídeo foi capturado por soldados das forças de Kiev. As informações são da rede CNN.
O suspeito, um comandante de 25 anos, de Moscou, serviu na 2ª Divisão de Fuzileiros Motorizados do 1º Exército de Tanques no Distrito Militar Ocidental. Ele foi enquadrado por tentativa de assassinato de um civil, crime de guerra previsto no artigo 438 do Código Penal da Ucrânia.
O chefe do departamento de investigação da polícia de Kharkiv, Serhii Bolvinov, detalhou o material à reportagem: “Estamos assistindo a isso como se fosse na TV, como uma novela. Um filme de terror onde os russos matam civis”.
As provas contra Kerzaev incluem telefonemas que ele fez para sua esposa e um amigo, interceptados durante uma investigação que estendeu por meses. Os arquivos de áudio foram compartilhados exclusivamente com a CNN.
Em uma das conversas, o soldado diz à esposa que “matou um homem hoje” após abrir fogo contra um carro ocupado por um casal. Em seguida, ele dá um tom habitual à conversa, pedindo à mulher para “colocar algum dinheiro” no seu telefone.
O casal que foi alvo da agressão russa é Valeria Ponomarova e Andrii Bohomaz. Eles viajavam para a cidade ucraniana de Izium, onde ajudariam os pais idosos e com problemas de saúde de Bohomaz a escapar da cidade, que está sob ocupação das tropas do Kremlin. Ao fazer uma curva errada, o veículo ocupado pelos dois acabou de aproximando da linha de frente onde militares do país invasor russas estavam estacionados, momento em que foi atingido por disparos.
O vídeo mostra o casal abandonando o carro para tentar fugir do ataque. Bohomaz ficou gravemente ferido e Valeria tentou arrastar o marido para trás do carro, de modo a enrolar toalhas em seus ferimentos para estancar o sangramento.
“Siga-me”
Como os soldados russos estavam a cerca de 30 metros do veículo do casal, as tropas ucranianas, considerando os riscos do resgate, anexaram um pedaço de papel com as palavras “siga-me” a um pequeno drone enviado de volta ao local. Valeria relatou seguiu a aeronave não tripulada, julgando que assim conseguiria ajuda para o marido ferido.
Logo depois que ela saiu, no entanto, uma equipe de soldados russos se aproximou do carro a pé, juntou Bohomaz e o jogou em uma vala próxima. Milagrosamente, a vítima conseguiu sair da trincheira para buscar ajuda, mesmo estando gravemente ferido. Nove meses após o ataque, ele ainda está em tratamento para vários ferimentos causados por estilhaços na cabeça, tórax e coluna.
Bolvinov disse este é somente um exemplo das centenas de supostos crimes de guerra russos que ele e sua equipe investigam apenas na região de Kharkiv, incluindo a descoberta de centenas de corpos em valas comuns em Izium.
Até agora, mais de 8 mil civis já morreram no conflito na Ucrânia, ao passo que mais de 13 mil ficaram feridos, segundo estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU).
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