O ex-jogador de futebol iraniano Ali Karimi, que nos tempos de atleta chegou a defender o Bayern de Munique, um dos gigantes da modalidade em todo o mundo, entrou na mira das autoridades do país dele. Tudo porque tem usado as redes sociais para manifestar apoio aos protestos populares que se seguiram à morte da jovem curda Mahsa Amini, agredida por não cumprir regras de vestuário para as mulheres no país asiático. As informações são da rede Radio Free Europe (RFE).
Atualmente, Karimi vive no Dubai, e é bastante ativo nas redes sociais. Sobretudo no Instagram, onde tem 12 milhões de seguidores, e no Twitter, com mais de 490 mil. Foi esta última ferramenta que ele usou para uma série de posts recentes, nos quais pede os iranianos unidos, contesta as regras radicais de vestimenta impostas às mulheres e contesta o corte da internet determinado pelo governo para tentar abafar as manifestações.
Em um dos posts no Twitter, ele pede aos militares que parem de perseguir a população em meio aos protestos. “Exército iraniano, nossa pátria depende de você. Não deixe sangue inocente ser derramado”, disse o ídolo nacional.
ارتش ایران
— ali karimi (@alikarimi_ak8) September 22, 2022
یه وطن منتظر شماست
نزارید خون بیگناه ریخته بشه#مهسا_امینی pic.twitter.com/qHQWanBzAT
Ele chegou a publicar dicas para que a população iraniana use VPN’s (redes privadas virtuais) para driblar os bloqueios a inúmeras páginas da internet impostos por Teerã desde antes dos protestos. Em agosto, por exemplo, as operadoras de telefonia tiveram que bloquear mensagens de texto com códigos de verificação enviados por redes sociais, impedindo muitas pessoas de acessar os sites.
Agora, com a enorme onda de protestos que toma as ruas do país, a popularidade de Karimi junto aos iranianos, sobretudo os jovens, tornou-se um problema para o governo. Jornalistas e políticos alinhados com o presidente Ebrahim Raisi pedem que ele seja preso, acusado de sedição.
Os protestos, que começaram no Curdistão, província onde vivia a jovem Mahsa Amini, se espalharam por todo o país, com gritos de “morte ao ditador” e o pedido pelo fim da república islâmica no Irã. Como o movimento não tem líderes, Karimi surge como uma figura central, apesar de participar somente à distância.
“As pessoas o amam, o veem como um deles e, ao contrário de algumas das figuras [iranianas] sentadas no Ocidente,– o respeitam. Daí os ataques contra ele”, disse um jornalista de Teerã que pediu anonimato por motivos de segurança.
“Sua personalidade que busca justiça, juntamente com sua genialidade no futebol, o tornaram uma figura que sempre deixou os iranianos orgulhosos”, disse o jornalista esportivo Mohammad Heirani, que vive em Frankfurt, na Alemanha, país onde o ex-craque atuou pelo Bayern.
O fato de Karimi viver no exterior levou um político iraniano a pedir que as propriedades dele no país natal sejam confiscadas. Já a agência de notícias Fars, ligada à Guarda revolucionária do Irã, afirmou que é preciso “dar um jeito” nele.
Chegou a surgir a informação de que o governo teria emitido um alerta internacional de captura à Interpol. Porém, o Judiciário iraniano não confirmou tal informação.
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