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sexta-feira, 30 de setembro de 2022

Explosão em centro educacional mata ao menos 23 pessoas em Cabul, a maioria meninas

Um ataque suicida deixou ao menos 23 pessoas mortas e 36 feridas em um centro educacional de um bairro xiita de Cabul, capital do Afeganistão. Khalid Zadran, porta-voz do Taleban, confirmou o ataque nesta sexta-feira (30), enquanto testemunhas afirmam que meninas são maioria entre as vítimas. As informações são da rede CNN.

O bairro de Dashti Barchi, alvo do atentado, é habitado principalmente por pessoas da minoria étnica dos hazara, que sofrem perseguição no país e nos últimos anos se tornaram um alvo preferencial do grupo extremista Estado Islâmico-Khorasan (EI-K). Entretanto, nenhuma organização assumiu oficialmente a autoria do atentado.

O alvo do ataque foi o Centro Educacional Kaaj, que atua principalmente na preparação de alunos para ingressar no ensino superior. Zadran afirma que havia 150 pessoas no estabelecimento no momento da explosão, muitas delas jovens estudantes que realizavam uma prova preparatória para o vestibular.

Abdu Ghayas Momand, médico de um hospital da região para onde algumas das vítimas foram levadas, disse que ao menos 23 pessoas morreram e outras 36 ficaram feridas. Testemunhas oculares do episódio, por sua vez, dizem que meninas são maioria entre os atingidos pela explosão.

Homem-bomba do EI-K no Afeganistão (Foto: reprodução de vídeo)

Os relatos apontam que o terrorista primeiro atacou o guarda encarregado da segurança do local, depois entrou em uma sala de aulas e então acionou o dispositivo explosivo que carregava junto ao corpo.

Taiba Mehtarkhil, uma das pessoas a presenciar a explosão, afirma ter visto muitas meninas mortas ou feridas. “Vi pais e outros membros das famílias das alunas do Kaaj gritando e correndo para cima e para baixo”, disse ela.

Zabiullah Mujahid, porta-voz do Taleban, usou sua conta no Twitter para condenar o ataque e prometer perseguir os responsáveis. “O Emirado Islâmico do Afeganistão considera o ataque de hoje a um centro educacional no 13º distrito de Cabul um grande horror e condena-o veementemente. Ele compartilha seus profundos sentimentos e tristeza com as famílias das vítimas. Para perseguir e punir os autores deste evento, serão tomadas as medidas necessárias”.

Por que isso importa?

Um relatório publicado no início de setembro pela ONG Human Rights Watch (HRW) afirmou que o Taleban, governante de fato do Afeganistão, tem sido ineficiente em sua obrigação de proteger a população local, especialmente algumas minorias xiitas.

O documento foca particularmente no caso dos hazaras, uma minoria xiita que foi perseguida pelos próprios talibãs durante a passagem anterior do grupo pelo poder, entre 1996 e 2001. Atualmente, embora tenham se aproximado dos radicais que governam o país, tornaram-se alvo frequente do EI-K.

De acordo com dados divulgados pela HRW, o EI-K assumiu a autoria de 13 ataques contra os hazaras desde 15 de agosto de 2021, quando o Taleban chegou ao governo, e pode ter sido responsável por ao menos outros três atentados não reivindicados. Setecentas pessoas morreram ou ficaram feridas nessas ações.

O descaso com a minoria xiita contraria uma das muitas promessas feitas pelo Taleban quando chegou ao poder. “Como governo responsável, somos encarregados de proteger todos os cidadãos do Afeganistão, especialmente as minorias religiosas do país”, disse em outubro de 2021 o porta-voz do Ministério do Interior Saeed Khosty.

A HRW cita o caso das explosões que atingiram a Escola Abdul Rahim Shahid de ensino médio, no bairro predominantemente hazara e xiita de Dasht-e-Barchi, em Cabul, no dia 19 de abril. Entre alunos, professores e funcionários, 20 pessoas foram mortas ou feridas na ação do EI-K. Uma segunda explosão ainda foi relatada no Centro Educacional Mumtaz, a alguns quilômetros de distância.

Além de cobrar uma mudança de postura do Taleban, a fim de melhor proteger as minorias atingidas pelo EI-K, o relatório reivindica uma ação global que pressione os governantes afegãos nesse sentido.

“Os governos envolvidos com o Taleban devem exigir uma melhor proteção das comunidades hazara e xiita e devem incentivar e apoiar mecanismos para fortalecer a responsabilidade por crimes cometidos no Afeganistão, inclusive contra as comunidades hazara e xiita”, diz a ONG.

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