Sete combatentes das Forças Democráticas Sírias (FDS) foram mortos pelo Estado Islâmico (EI) em dois ataques ocorridos no norte da Síria no domingo (11), de acordo com o site The Defense Post.
As mortes foram confirmadas pelo Observatório Sírio para os Direitos Humanos, ONG sediada no Reino Unido e que conta com uma ampla rede de fontes dentro da Síria. A área onde ocorreram os ataques do EI é controlada pela milícia FDS, parceiras do governo dos EUA na luta contra a facção extremista.
Seis mortes ocorreram em uma ação do EI na estrada que liga Deir Ezzor a Hasake, de acordo com Rami Abdel Rahman, diretor da ONG. A outra vítima foi registrada na província de Deir Ezzor, igualmente em uma ação do grupo jihadista.
As FDS, que são o exército de fato dos curdos na Síria, estão inseridas no cenário da guerra civil que dura mais de 11 no país. Elas não estão oficialmente posicionadas em nenhum dos polos da guerra e têm como principal inimigo o EI, o que garante à milícia o suporte de Washington.
A guerra civil opõe Rússia e Irã, aliados do presidente Bashar Al-Assad, à Turquia, que apoia os rebeldes do Exército Livre da Síria (ELS) na luta contra o governo.
Por que isso importa?
As FDS anunciaram em 2019 o fim do “califado” criado na Síria pelo EI, que nos últimos anos tem se enfraquecido financeira e militarmente em todo o mundo. Em 2017, o exército iraquiano já havia anunciado a derrota da organização no país, com a retomada de todos os territórios que ela dominava desde 2014. O grupo, que chegou a controlar um terço do Iraque, hoje mantém apenas células adormecidas que lançam ataques esporádicos, quase sempre focados em agentes do governo.
Em fevereiro deste ano, o EI sofreu mais um duro golpe quando o exército norte-americano anunciou ter matado Abu Ibrahim al-Hashimi al-Qurashi, principal líder da facção. Durante operação antiterrorismo dos EUA na Síria, ele explodiu uma bomba que carregava junto ao corpo, matando também mulheres e crianças que o acompanhavam. O evento foi semelhante a outro, em 2019, que terminou com a morte do líder anterior da organização extremista, Abu Bakr al-Baghdadi.
De acordo com um relatório do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) publicado em fevereiro de 2022, as perdas territoriais e de pessoal transformaram o EI, que antes controlava boas partes da Síria e do Iraque, em “uma insurgência principalmente rural, resistindo à pressão antiterrorista sustentada pelas forças da região”.
A pandemia também continua a ser um desafio, pois impede as “viagens transfronteiriças, diminuindo as ameaças decorrentes de fluxos de combatentes em zonas de conflito e viagens terroristas mais amplas em zonas de não conflito”. Por outro lado, a estagnação do terrorismo em meio à onda de Covid-19 aumenta as “oportunidades de recrutamento e radicalização online”, criando a perspectiva de uma retomada futura das ações extremistas globais.
Outro risco que o grupo oferece é a presença de milhares de ex-combatentes em prisões e campos de deslocados em várias partes do mundo. Devolvê-los a seus países de origem e processá-los judicialmente é um desafio para os Estados-Membros da ONU, e os estabelecimentos que abrigam os extremistas são um potencial alvo de ataques para o EI. Exatamente como ocorreu na prisão de Ghwayran, na cidade de al-Hasakah, na Síria, invadida pelo grupo com a meta de libertar seguidores.
“Devido à capacidade severamente degradada, a sobrevivência futura do EI depende de sua capacidade de reabastecer as fileiras por meio de tentativas mal concebidas, como o ataque a Hasakah”, afirmou o major-general norte-americano John W. Brennan Jr., comandante da força de coalização liderada pelos EUA para combater o EI. Segundo ele, a ação na prisão síria gerou enorme prejuízo ao grupo terrorista, que “sentenciou à morte muitos dos seus que participaram deste ataque”.
Atualmente, o principal reduto do EI é o continente africano, onde consegue se manter relevante graças ao recrutamento online e à ação de grupos afiliados regionais. A expansão do grupo em muitas regiões da África desde o início de 2021 é alarmante e pode marcar sua retomada de força. No Sudeste Asiático, ao contrário, os países da região têm obtido sucesso significativo em interromper o terrorismo de facções afiliadas.
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