O exército dos EUA disse na quarta-feira (21) que neutralizou 27 combatentes da milícia islâmica Al-Shabaab, na Somália, durante um ataque aéreo realizado domingo passado (18) na região central da região de Hiran. O local é alvo de uma ofensiva contra os jihadistas desde agosto. As informações são da agência Reuters.
Segundo o Comando dos Estados Unidos para a África (Africom), a operação do último fim de semana foi a sexta realizada neste ano contra o grupo vinculado à Al-Qaeda.
Os insurgentes, que lutam para derrubar o governo central e implementar uma interpretação estrita da lei islâmica, foram mortos enquanto atacavam as forças somalis perto de Buulobarde, uma cidade cerca de 200 quilômetros ao norte da capital Mogadíscio, disse o Africom em nota.
Moradores locais relatam que o assédio do Al-Shabaab na região, como a destruição de poços e a morte de civis, além da cobrança de impostos em meio à pior seca vivida naquela parte do país em 40 anos, levaram os moradores a formar grupos paramilitares para engrossar as fileiras do Exército Nacional Somali (SNA, da sigla em inglês).
Recentemente, o governo somali, apoiado pelo Ocidente, reconheceu que o exército dos EUA tem sido atuante na luta contra rebeldes da milícia islâmica. Uma nota emitida pelo Ministério da Informação e Cultura da Somália fez elogios ao “compromisso” do presidente Joe Biden na ajuda ao país no enfrentamento à violência do grupo extremista.
Em maio, Biden decidiu reenviar até 500 soldados de suas forças armadas à Somália, com a missão de ajudar o governo local a combater o Al-Shabaab. A medida serviu para reposicionar parcialmente tropas que deixaram o país durante o mandato do ex-presidente Donald Trump. Naquela ocasião, eram cerca de 700 norte-americanos dando apoio ao país africano.
Por que isso importa?
O Al-Shabaab, grupo extremista ligado à Al-Qaeda, chegou a controlar a capital Mogadíscio até 2011, quando foi expulso de lá pelas forças da União Africana. Atualmente, controla territórios nas áreas rurais da Somália e luta para derrubar o governo nacional, tendo inclusive se expandido para a vizinha Etiópia.
O grupo concentra seus ataques no sul e no centro da Somália. As atividades envolvem ataques a órgãos e oficiais do governo e a entidades de ajuda humanitária, além de extorsão contra a população local e proteção de terroristas internacionais que se escondem no país.
Um relatório do International Crisis Group (Grupo de Crise Internacional, em tradução literal), cuja meta é prevenir guerras em todo o mundo, diz que derrotar o Al-Shabaab é uma tarefa complexa devido à quantidade de seguidores em território somali, algo na casa dos cinco mil. Assim, a melhor estratégia para o governo somali seria a negociação
“Combinada com a disfunção e a divisão entre seus adversários, a agilidade dos militantes permitiu que se inserissem na sociedade somali”, diz o documento. “Há um crescente consenso nacional e internacional de que o Al-Shabaab não pode ser derrotado apenas por meios militares”.
O relatório, porém, afirma que a diplomacia não vem sendo considerada pelo governo. “Há pouco apetite entre as elites somalis ou os parceiros internacionais do país para explorar alternativas, principalmente conversas com líderes militantes”. E acrescenta: “A alternativa é mais luta sem um fim à vista”.
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