O secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), António Guterres, pediu ao presidente do Irã, Ebrahim Raisi, que não permita o uso de “força desproporcional” contra manifestantes que saíram às ruas em protesto à morte de uma jovem de 22 anos que estava sob custódia da polícia da moral. E cobrou a abertura de uma investigação independente para apurar o crime.
Mahsa Amini estava visitando Teerã, capital do país, quando foi abordada pela polícia por não “estar usando corretamente o hjab”, o véu obrigatório para as mulheres. Sob custódia, ela desmaiou, entrou em coma e morreu três dias depois. Segundo agências de notícias locais, ela teria morrido do coração, mas a família alega que Mahsa foi espancada.
Em Nova York, o líder das Nações Unidas, António Guterres, pediu uma investigação independente sobre a morte da jovem. O secretário-geral se reuniu com o presidente iraniano durante os debates da Assembleia Geral e enfatizou “a necessidade de respeitar os direitos humanos, incluindo a liberdade de expressão, reunião pacífica e associação.”
Uma das maiores preocupações é com relatos de um número crescente de mortes, incluindo mulheres e crianças, relacionadas aos protestos que se sucederam à morte de Amini. Em nota, o líder da ONU “pede às forças de segurança que se abstenham de usar força desnecessária ou desproporcional e apela a todos para que exerçam a máxima contenção para evitar uma maior escalada”. Dezenas de pessoas morreram e centenas foram presas desde o início dos protestos há 12 dias.
Execuções agendadas
Em nota separada, especialistas de direitos humanos solicitam ao Irã que suspenda, de imediato, a sentença de execução de duas mulheres condenadas à morte pelo apoio aos direitos de pessoas lésbicas, gays, bissexuais, trans, conhecidas por Lgbt.
Zahra Sedighi-Hamadani e Elham Choubdar foram julgadas em agosto. Em 1º de setembro, foram notificadas da condenação à morte pelo Tribunal da Revolução Islâmica de Urumieh por acusações de “corrupção na terra” e “tráfico”. A cidade é a capital da província do Azerbaijão Ocidental.
O grupo de peritos condena com veemência o veredito e pede que a suspensão e anulação sejam feitas o mais rápido possível. Para eles, as autoridades devem garantir a saúde e o bem-estar das envolvidas e liberá-las prontamente da detenção.
O sistema legal do Irã proíbe explicitamente a homossexualidade, e as relações entre pessoas do mesmo sexo estão sujeitas à pena de morte, de acordo com o código penal do país.
A decisão judicial e a ordem de condenação não são públicas. Apesar disso, os especialistas disseram ter sido informados de que as acusações diziam respeito a discursos e ações em apoio aos direitos humanos LGBT, grupo que “enfrenta discriminação no Irã com base em sua orientação sexual e identidade de gênero”.
A preocupação em relação ao Governo do Irã é de que as duas mulheres possam ter sido detidas arbitrariamente, maltratadas e processadas com base na discriminação de orientação sexual ou identidade.
Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News
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