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quarta-feira, 14 de setembro de 2022

Washington considera impor sanções econômicas à China para tentar impedir um ataque a Taiwan

A tensão crescente entre China e Taiwan tem levado o governo dos EUA a considerar a possibilidade de impor sanções a Beijing para tentar evitar uma invasão, segundo pessoas com conhecimento da questão. Já a União Europeia (UE) estaria sob pressão diplomática da ilha para acompanhar os norte-americanos, de acordo com informações da agência Reuters.

Segundo duas autoridades não identificadas, uma dos EUA e outra de um país alinhado com Washington, ambas com bom conhecimento da situação, as sanções seriam focadas em tecnologias sensíveis, como chips de computador e equipamentos de telecomunicações.

Embora não tenha ficado claro quais tipos de sanções seriam impostas e contra quais alvos, analistas entendem que as forças armadas chinesas poderiam entrar na mira.

“O panorama geral, as conversas iniciais sobre sanções, provavelmente giraria em torno de restringir o acesso da China a certas tecnologias necessárias para sustentar uma operação militar contra Taiwan”, disse Craig Singleton, do think tank Fundação para a Defesa das Democracias.

Entretanto, a viabilidade de tais medidas é questionável, considerando o papel crucial de Beijing na cadeia global de suprimentos. Mesmo a eficácia delas seria duvidosa, lembrando que ameaças do gênero não impediram a invasão russa à Ucrânia.

“A possível imposição de sanções à China é um exercício muito mais complexo do que sanções à Rússia, dado o extenso envolvimento dos EUA e aliados com a economia chinesa”, afirmou Nazak Nikakhtar, ex-funcionário sênior do Departamento de Comércio dos EUA.

Encontro entre Estados Unidos e China sobre Comércio, janeiro de 2019 (Foto: Flickr)

Quanto à UE, nada em particular foi solicitado pelas autoridades taiwanesas, apenas que o bloco considere a possibilidade de igualmente impor sanções. Mais uma vez comparando com a situação da Rússia, punir Beijing seria extremamente custoso para os europeus, devido ao papel mais relevante que o país asiático representa no comércio com a Europa em relação a Moscou.

Outro desafio é que os 27 Estados-Membros precisariam concordar. A Alemanha, que foi reticente em punir os russos devido à questão do gás, seria novamente um empecilho e estaria cautelosa”, segundo uma pessoa familiarizada com a situação. “Não acho que a Rússia-Ucrânia tenha mudado fundamentalmente a maneira como [os alemães] veem seu relacionamento com a China”, disse a fonte.

Mao Ning, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, alertou para os desdobramentos das eventuais sanções. “Quero enfatizar que qualquer país ou pessoa não deve subestimar a forte determinação e a firme vontade do governo e do povo chinês em defender a soberania nacional, a integridade territorial e realizar a reunificação da pátria”, disse ele nesta quarta-feira (14).

Por que isso importa?

Taiwan é uma questão territorial sensível para a China. Nações estrangeiras que tratem a ilha como nação autônoma estão, no entendimento de Beijing, em desacordo com o princípio “Uma Só China“, que também encara Hong Kong como parte do território chinês.

Embora não tenha relações diplomáticas formais com Taiwan, assim como a maioria dos demais países, os EUA são o mais importante financiador internacional e principal fornecedor de armas do território. Tais circunstâncias levaram as relações entre Beijing e Washington a seu pior momento desde 1979, quando os dois países reataram os laços diplomáticos.

A China, em resposta, endureceu a retórica e tem adotado uma postura belicista na tentativa de controlar a situação. Jatos militares chineses passaram a realizar exercícios militares nas regiões limítrofes com Taiwan e habitualmente invadem o espaço aéreo taiwanês, deixando claro que Beijing não aceitará a independência formal do território “sem uma guerra“.

A crise ganhou contornos mais dramáticos após a visita da presidente da Câmara dos Representantes dos EUA Nancy Pelosi, primeiro ocupante do cargo a viajar para Taiwan em 25 anos, uma atitude que mexeu com os brio de Beijing. Em resposta, o exército da China realizou um de seus maiores exercícios militares no entorno da ilha, com tiros reais e testes de mísseis em seis áreas diferentes.

O treinamento serviu como um bloqueio eficaz, impedindo tanto o transporte marítimo quanto a aviação no entorno da ilha. Assim, voos comerciais tiveram que ser cancelados, e embarcações foram impedidas de navegar por conta da presença militar chinesa.

Beijing, que falou em impor “sérias consequências” como retaliação à visita, também sancionou Taiwan com a proibição das exportações de areia, material usado na indústria de semicondutores e crucial na fabricação de chips, e a importação de alimentos, entre eles peixes e frutas. Quatro empresas taiwanesas rotuladas por Beijing como “obstinadas pró-independência” também foram sancionadas.

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